POEMA

TELEGRAMA DE MOSCOU


Pedra por pedra reconstruiremos a cidade.
Casa e mais casa se cobrirá o chão.
Rua e mais rua o trânsito ressurgirá.
Começaremos pela estação da estrada de ferro
e pela usina de energia eléctrica.
Outros homens, em outras casas,
continuarão a mesma certeza.
Sobraram apenas algumas árvores
com cicatrizes, como soldados.
A neve baixou, cobrindo as feridas.
O vento varreu a dura lembrança.
Mas o assombro, a fábula
gravam no ar o fantasma da antiga cidade
que penetrará o corpo da nova.
Aqui se chamava
e se chamará sempre Stalingrado
- Stalingrado: o tempo responde.


Carlos Drummond de Andrade

5 comentários:

samuel disse...

Quando fui participar no Festival da Canção Política, em Sotchi, por qualquer razão, os responsávei pela organização dos espectáculos, lá da terra, resolveu convidar-me para uma pequena tourné por várias cidades, juntando-me ao elenco de artistas de lá, que faziam a sua tourné grande...
Uma das cidades que visitei nesse passeio extra, foi Stalingrado, e o seu vasto monumento aos heróis da batalha pela defesa da cidade. A memória que tenho é de que fazia doer tudo por dentro!

Abraço.

samuel disse...

os responsáveis... resolveram...
Deve ser problema de tradução do russo! :-)))

Abraço.

Fernando Samuel disse...

samuel: também lá estive: é impressionante!
Um abraço.

Ana Camarra disse...

Não estive, ainda lá irei!

beijos

Fernando Samuel disse...

Ana Camarra: vale a pena.
Um beijo.