A BANDALHEIRA DO COSTUME

Obviamente, o «Ocidente» e os «média do Ocidente» não gostaram do resultado das eleições no Irão.
Por isso, à sua maneira, reagem como reagiram alguns apoiantes do candidato derrotado: indo para a rua incendiar e destruir tudo o que puderam...

Eis alguns títulos do Público e do Diário de Notícias:
«Teerão em fúria»; «Uma vaga de protestos»; «Contestação desce à rua»; «Motins nas ruas»; «As ruas de Teerão foram tomadas por protestos».
Pelas «reportagens» ficamos a saber que os manifestantes - «alguns milhares», segundo o DN - desceram à rua e «incendiaram pneus, motorizadas, caixotes do lixo», e atiraram «pedras contra os agentes».
E diz o Público que, «à hora a que estavam a ser anunciados os resultados oficiais, a polícia carregava sobre os mais de dois mil manifestantes - quase todos jovens - que tinham ocupado a Praça Vanak».
São evidentes as simpatias do DN e do Público pelos jovens incendiários, e o desejo e a esperança que têm em que aos dois mil se juntem mais, muitos mais, e façam... o que se espera deles...

Sobre a participação do eleitorado e os resultados, o pitoresco Público saiu-se com esta pérola analítica: «Umas eleições que foram as mais participadas de sempre, com uma taxa de 85 por cento, mas nas quais Ahmadinejad recolheu um pouco mais de 62 por cento dos votos»!!!
Sublinhe-se que o Público, sempre demonstrando a sua isenção, imparcialidade e seriedade informativas, quando se refere a Ahmadinajed designa-o, regra geral, por «o ultraconservador»...

E é também pelo Público que ficamos a saber que o que o New York Times e o Los Angeles Times dizem sobre o assunto - e o que dizem é, no essencial, o mesmo que o Público diz...
E, ainda pelo Público, ficamos a saber que os «especialistas do costume» - isto é, os propagandistas do imperialismo norte-americano - dizem que estão satisfeitos com os «motins», mas querem mais, muito mais... e que esperam mais, muito mais, porque «o potencial para a agitação é elevado»...

De resto, continua a informar o prestimoso Público, «o Ocidente está a acompanhar a situação».
Obama, no próprio dia das eleições e quando a votação estava em curso - disse:
«Nós tentámos fazer passar a mensagem de que as eleições são sempre uma possibilidade de mudança».
E, porque afinal não houve «mudança», a Clinton já veio dizer que «os EUA estão a seguir muito de perto os últimos desenvolvimentos no Irão»... («os último desenvolvimentos», ou seja: os motins... que, ao que parece, até agora não foram tão participados como se esperava - e como a «mudança» exigia...)

Quanto ao governo francês, diz que «tomou nota dos resultados anunciados e da contestação».
Quanto ao governo britânico, diz que «está a seguir com atenção a situação na capital iraniana».
Quanto ao governo do Canadá, diz que «está extremamente preocupado com a informação sobre irregulariadades e com os actos de intimidação que se lhe seguiram».
Três formas de dizer que, tal como a Clinton, estão a «seguir muito de perto os últimos desenvolvimentos»...
E prontos para o que for necessário e possível...
E criando as condições para fazer o que for necessário e possível - como se vê pela divulgação de uma sondagem de última hora que garante que «75% dos iranianos querem retomar as relações com os EUA»...

Enfim, a bandalheira do costume - com os perigos que, normalmente, a acompanham.

6 comentários:

Ana Camarra disse...

Não ouvi, nem vi noticias desde quarta feira, erstou em estado de graça!

beijos

samuel disse...

Talvez a notória falta de meios humanos e de capital, por parte das forças da "mudança", já fortemente comprometidas com o Iraque e o Afganistão, dificultem o embarque em mais uma desgraça...

Abraço.

Antuã disse...

Mas que grande bandalheira!

GR disse...

A desinformação e manipulação dos órgãos de comunicação social (nacional e internacional), são nojentos.
Nos EUA nada mudou, só a cor.

Moussavi está com as “costas quentes”, espero que a minoria com a ajuda do imperialismo, não faça entrar o país numa guerra.

GR

irlando disse...

É o hábito quando a eleição não agrada aos "CÃES" a justificação é a fraude eleitoral.É assim à décadas por este planeta.

Fernando Samuel disse...

Ana Camarra: felizarda, uma série de dias sem notícias!
Um beijo.

samuel: para estas coisas, «arranja-se» sempre mais uns cobres...
Um abraço.

Antuã: tiraste-me as palavras da boca...
Um abraço.

GR: quentes e bem quentes...
Um beijo.

Irlando: é uma «técnica» muito usada por eles, de facto.
Um abraço.