POEMA

LÍRICA SEM NEBLINA


Já nos versos dos Vedas,
há 2500 anos,
crepitavam as labaredas
dos problemas humanos.
Já então, quando as aves emigravam,
os homens não falavam de saudade,
mas simplesmente levantavam
uma canção à liberdade.
Então e sempre entrou a luta na poesia
como um pregão pela janela aberta
e enriqueceu-a dia a dia
numa perpétua descoberta.
Nem narcóticos, nem neblinas, nem adornos, nem véus,
pega o poeta em palavra, tijolos e argamassa,
e constrói um arranha-céus
que cada hora se ultrapassa.
E nesta maré de novo e de renovo,
movimento ascensional,
em cada poema o povo
põe a sua impressão digital.


Sidónio Muralha

7 comentários:

samuel disse...

Que final!

Abraço.

Maria disse...

A luta e a poesia andam sempre de mãos dadas.
... e o Samuel disse!

Um beijo grande

Ana Camarra disse...

Novo e renovo...

Fantástico!

beijos

Ana Camarra disse...

Novo e renovo...

Fantástico!

beijos

Mar Arável disse...

é preciso acordar as impressões

digitais do povo

mas o Sidónio tem razão

GR disse...

Nesta maré o povo saberá, colocar a sua impressão digital.

GR

Fernando Samuel disse...

samuel: esta ideia de a poesia tratar os problemas humanos é vista, hoje, como um crime - e já assim era no tempo de fascismo em que este poema foi escrito...
Um abraço.

Maria: a poesia é uma arma...
Um beijo grande.

Ana Camarra: novo e renovo... a caminho do Futuro...
Um beijo.

Mar Arável: assim o dizem os poetas...
Um abraço.

GR: uma impressão digital decisiva...
Um beijo.