POEMA

PEQUENA BALADA DO SOLDADO ALIADO


Irá que o seu dever é ir.
Irá que assim lhe ordenaram.
Irá que é lá que está o inimigo.
Irá que o regime tem de cair.
Irá que a democracia deve impor-se.
Irá que uma nova ordem é precisa.
Irá que a vontade do povo não conta.
Irá que a paz faz-se com a guerra.
Irá que os mortos deles não se choram.
Irá que os vivos deles não se importam.
Irá que os filhos deles não são seus.
Irá que um herói deve lá estar.
Irá que Deus está com ele.
Irá que só Allah está com os outros.

Virá?


Joaquim Pessoa
(Março de 2003)

7 comentários:

Ana Camarra disse...

Pronto, o Joaquim Pessoa....

beijos

Maria disse...

Acutilante e doce é a poesia de Joaquim Pessoa...

Um beijo grande

Ana: aqui estamos em desacordo... eu gosto muito de JP... :)

samuel disse...

Os caixões dos que não virão... não aparecem na televisão...

GR disse...

Um grande poeta.
Este poema diz tudo.
Antuã,
O que dizes deste grande poema?

Bjs,

GR

Antuã disse...

Muito prosaicamente direi que sempre Deus esteve com as NT e que o IN não é constituído por pessoas. logicamente a guerra é um crime. Na nossa guerra colonial as NT cometeram elas também crimes hediondos. Sabes o que é uma Geral?!... E "dormir nos cajueiros"?!...

samuel disse...

Tomei a liberdade de invadir a privacidade do "Cravo de Abril" com a atribuição de um prémio.
Levantável aqui:

http://samuel-cantigueiro.blogspot.com/2009/06/premio-lemniscata.html

Abraço.

Fernando Samuel disse...

Ana Camarra: pronto...
Um beijo.

Maria: o desacordo é saudável...
Um beijo grande.

samuel: «vem numa caixa de pinho»...
Um abraço.

GR: um grande poeta, de facto.
Um beijo.

Antuã: «a guerra a guerra»...
Um abraço.

samuel: obrigado!
Um abraço.