PARA VÓS O MEU CANTO...
Para vós o meu canto, companheiros da vida!
Vós, que tendes os olhos profundos e abertos;
vós, para quem não existe batalha perdida,
nem desmedida amargura,
nem aridez nos desertos;
vós, que modificais o leito dum rio;
- nos dias difíceis sem literatura,
penso em vós: e confio;
penso em mim: e confio;
- para vós os meus versos, companheiros da vida!
Se canto os búzios, que falam dos clamores,
das pragas imensas lançadas ao mar
e da fome dos pescadores,
- penso em vós, companheiros,
que trazeis outros búzios pra cantar...
Acuso as falas e os gestos inúteis;
aponto as ruas tristes da cidade
e crivo de bocejos as meninas fúteis...
Mas penso em vós e creio em vós, irmãos,
que trazeis ruas com outra claridade
e outro calor no apertar das mãos.
E vou convosco. - Definido e preciso,
erguido ao alto como um grito de guerra,
à espera do Dia de Juízo...
Que o Dia do Juízo
não é no Céu... é na Terra!
Sidónio Muralha
5 comentários:
Não te trouxe outros búzios pra cantar
mas trago outro calor no apertar das mãos...
Um beijo grande
Felizmente, sempre houve poetas que fizeram do canto de todos o seu próprio canto...
Abraço.
Fernando,
e o juiz, não sendo eu próprio ou aqueles que estime idóneos, que não pertença à ordem actual, de outra forma será preferivel a sentença do tempo.
A revolução é hoje!
Maria: e é quanto basta...
Um beijo grande.
samuel: e cantores que cantaram os cantos dos poetas...
Um abraço.
CRN: É verdade, com juizes da ordem dominante, seria um inferno...
Um abraço.
Sempre na terra...o resto que saiba não existe!
beijos
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