VOSSOS NOMES
No chumbo, no terror, na morte, com sangue escrevo,
Alfredo e Catarina,
vossos nomes.
Na pedra, no ácido, neste branco muro escrevo,
Humberto e Militão,
vossos nomes.
Nas trevas, no medo, na raiz da aurora, escrevo,
Maria e Lourenço,
vossos nomes.
No sonho, nos ventos, na flor do trigo escrevo,
Pedro e Guilherme,
vossos nomes.
No aço das duras tarefas, no relâmpago escrevo,
Álvaro e Rui,
vossos nomes.
No amor, na cólera, na fome desta ave escrevo,
Virgínia e António,
vossos nomes.
No sol que levamos, na verde esperança escrevo,
Paula e Dinis,
vossos nomes.
No riso, nas lágrimas, no coração da pátria escrevo
e semeio
vossos nomes.
No ventre em flor da minha amada semeio, escrevo
e multiplico
vossos nomes.
Papiniano Carlos
8 comentários:
É preciso multiplicar estes nomes. Nas palavras e nos exemplos... ou em textos como este.
Magnífico!
Abraço.
Nomes que são tão nossos...
Como é que as palavras assim juntas são capazes de comover um ser humano?
porque dizem coisas que não sabemos explicar, só sentir com o coração.
obrigada
bjs
Não conhecia este poema.
Tão lindo.
E as sementes multiplicaram-se e floriram.
Bjs,
GR
Fortíssimo, e rrepiante!
Um beijo grande, com saudades
(e dificuldade em te comentar...)
Todos os nomes, todos...
Beijos
Sei que me repito, mas a tua escolha de poemas é notável!
A poesia tem o poder de mesclar uma ínfima racionalização do que se lê com a grandiosa e incontrolável comoção do que se sente.
E por nomes, há um que desde ontem não me sai da cabeça nem da alma (nunca saíu aliás): Álvaro!
Sílvia
samuel: os «vossos nomes» que são nossos...
Um abraço.
Justine: nomes com futuro...
Um beijo.
Sal: como é que um simples comentário me pode comover tanto?...
Um beijo.
GR: é esse o destino das boas sementes...
Um beijo.
Maria: e esse regresso, quando é?...
Um beijo grande.
Ana Camarra: todos nossos...
Um beijo.
Sílvia MV: foi a pensar no Álvaro que escolhi este poema, precisamente no dia em que passava o quarto aniversário da sua morte.
Um beijo.
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