As comemorações do 65º aniversário do desembarque na praia de Omaha Beach, na Normandia, foram o que se esperava:
Sarkozy a falar da «eterna dívida de gratidão da França para com os Estados Unidos da América»;
Brown a falar da «aliança transatlântica, para se prolongar por séculos, selada por milhares de vidas na praia de Omaha Beach (que ele rebaptizou de Obama Beach...) ;
e Obama, o Chefe, a falar do «Dia D, que não podemos esquecer, porque foi um momento e um lugar onde a bravura e o altruísmo de uns poucos mudaram o curso de um século»;
enfim, todos, mais os jornalistas que os acompanhavam, a concluir o que desde há muito concluíram: que o desembarque na Normandia «marcou o ponto de viragem da II Guerra Mundial» - e, assim, todos a fazerem do Dia D, um dia de mentiras.
Permito-me discordar da conclusão dos oradores e escribas, contrapondo-lhe esta:
o que, de facto, marcou o ponto de viragem da II Guerra Mundial não foi o Dia D - 6 de Junho de 1944 - mas sim a batalha de Stalinegrado, iniciada em 17 de Setembro de 1942 e terminada a 2 de Fevereiro de 1943 - portanto dezasseis meses antes do desembarque na Normandia.
De facto, foi essa batalha - na qual o Exército Vermelho e o povo de Stalinegrado, derrotaram o exército nazi - que marcou o ponto de viragem da II Guerra Mundial.
E foi na sequência dessa vitória que se iniciou a contra-ofensiva soviética, que - impulsionada por nova e decisiva vitória do Exército Vermelho em Kursk, em Julho de 1943, na «maior batalha de tanques da história» - só terminaria com a entrada do Exército Vermelho em Berlim e com a consequente derrota do nazismo, em Maio de 1945.
E a verdade é que, na altura em que mais de um milhão e meio de soviéticos morriam em Stalinegrado, pela Democracia, pela Liberdade, pela Vida, os protagonistas do futuro desembarque na Normandia, deitavam contas à sua vida... umas contas muito ao seu jeito democrático: à hipótese, considerada por Roosevelt, de ajudar os soviéticos, que suportavam todo o peso do exército nazi, Truman, então ainda senador, respondia assim: «Se virmos que a Alemanha está em vias de ganhar a guerra, daremos uma ajuda à Rússia; se virmos que a Rússia vai ganhar, então teremos que ajudar a Alemanha» - e acrescentava: «Para que os russos e os alemães se matem, o mais possível, uns aos outros».
E foi na base dessas contas à vida deles que o desembarque na Normandia aconteceu - menos de um ano antes da derrota do nazi-fascismo, sublinhe-se - e, portanto, forçado pelo desenvolvimento da guerra.
Ou seja: o dia D ocorreu quando - e porque - o avanço impetuoso e imparável do Exército Vermelho, Europa fora - libertando a Roménia, a Bulgária, a Polónia... e aproximando-se de Berlim - não oferecia a mínima dúvida sobre o desfecho da guerra.
Sabe-se hoje que cerca de trinta milhões de soviéticos deram as suas vidas na luta contra o nazi-fascismo em cuja derrota tiveram um papel determinante e decisivo.
Que nenhum dos oradores de ontem, na praia de Ohama (ou de Obama?...), tenha feito a mínima alusão a esses mortos, não surpreende: na verdade, eles foram lá para manter vivas as mentiras com que alimentam o seu sonho de domínio do mundo - que é muito semelhante ao sonho nazi que o heróico povo soviético derrotou na II Guerra Mundial.
Sarkozy a falar da «eterna dívida de gratidão da França para com os Estados Unidos da América»;
Brown a falar da «aliança transatlântica, para se prolongar por séculos, selada por milhares de vidas na praia de Omaha Beach (que ele rebaptizou de Obama Beach...) ;
e Obama, o Chefe, a falar do «Dia D, que não podemos esquecer, porque foi um momento e um lugar onde a bravura e o altruísmo de uns poucos mudaram o curso de um século»;
enfim, todos, mais os jornalistas que os acompanhavam, a concluir o que desde há muito concluíram: que o desembarque na Normandia «marcou o ponto de viragem da II Guerra Mundial» - e, assim, todos a fazerem do Dia D, um dia de mentiras.
Permito-me discordar da conclusão dos oradores e escribas, contrapondo-lhe esta:
o que, de facto, marcou o ponto de viragem da II Guerra Mundial não foi o Dia D - 6 de Junho de 1944 - mas sim a batalha de Stalinegrado, iniciada em 17 de Setembro de 1942 e terminada a 2 de Fevereiro de 1943 - portanto dezasseis meses antes do desembarque na Normandia.
De facto, foi essa batalha - na qual o Exército Vermelho e o povo de Stalinegrado, derrotaram o exército nazi - que marcou o ponto de viragem da II Guerra Mundial.
E foi na sequência dessa vitória que se iniciou a contra-ofensiva soviética, que - impulsionada por nova e decisiva vitória do Exército Vermelho em Kursk, em Julho de 1943, na «maior batalha de tanques da história» - só terminaria com a entrada do Exército Vermelho em Berlim e com a consequente derrota do nazismo, em Maio de 1945.
E a verdade é que, na altura em que mais de um milhão e meio de soviéticos morriam em Stalinegrado, pela Democracia, pela Liberdade, pela Vida, os protagonistas do futuro desembarque na Normandia, deitavam contas à sua vida... umas contas muito ao seu jeito democrático: à hipótese, considerada por Roosevelt, de ajudar os soviéticos, que suportavam todo o peso do exército nazi, Truman, então ainda senador, respondia assim: «Se virmos que a Alemanha está em vias de ganhar a guerra, daremos uma ajuda à Rússia; se virmos que a Rússia vai ganhar, então teremos que ajudar a Alemanha» - e acrescentava: «Para que os russos e os alemães se matem, o mais possível, uns aos outros».
E foi na base dessas contas à vida deles que o desembarque na Normandia aconteceu - menos de um ano antes da derrota do nazi-fascismo, sublinhe-se - e, portanto, forçado pelo desenvolvimento da guerra.
Ou seja: o dia D ocorreu quando - e porque - o avanço impetuoso e imparável do Exército Vermelho, Europa fora - libertando a Roménia, a Bulgária, a Polónia... e aproximando-se de Berlim - não oferecia a mínima dúvida sobre o desfecho da guerra.
Sabe-se hoje que cerca de trinta milhões de soviéticos deram as suas vidas na luta contra o nazi-fascismo em cuja derrota tiveram um papel determinante e decisivo.
Que nenhum dos oradores de ontem, na praia de Ohama (ou de Obama?...), tenha feito a mínima alusão a esses mortos, não surpreende: na verdade, eles foram lá para manter vivas as mentiras com que alimentam o seu sonho de domínio do mundo - que é muito semelhante ao sonho nazi que o heróico povo soviético derrotou na II Guerra Mundial.
7 comentários:
Mesmo quando os aliados anglo-americanos desembarcaram na Normandia, 75% do poderio militar alemão continuou concentrado na frente Leste a combater o Exército Vermelho - o que diz bem do que contribuíram uns e outros na derrota do nazi-fascismo...
Tremenda verdade! Mas tão "inconveniente", nos tempos que correm...
Abraço.
A manipulação da História como estágio fundamental do esquecimento da Verdade.
Curiosamente, hoje no Público, Pulido Valente refere as batalhas na frente de Leste como mais fulcrais à derrota do nazismo do que o tal desembarque.
E a destruição que os tais "aliados" deixaram pelo caminho. Os famoso bombardeamento da cidade de Dresden, que ficou arrasada, onde morreram milhares de pessoas, só pelo prazer de destruir mais um pouco - não era nenhum alvo militar - e para engrossar as dívidas do futuro plano "Marshal".
Eram no passado, como são no presente, uns verdadeiros filhos de um cão!
bjs
F: na verdade, só uma intencional deturpação dos factos pode levar a «concluir» como eles concluem...
Um abraço.
samuel: por que será que nos tempos que correm todas as verdades são inconvenientes?
Um abraço.
ComRevDe: fazer a história na base da mentira.
Um abraço.
Sal: Churchill ficou conhecido como «o carrasco de Dresden».
Um beijo.
A História é escrita com a arrogância dos vencedores, felizmente esta é suficientemente recente e documentada para que nos enfiem assim o barrete!
beijos
Sal, não sejas ingénua. O bombardeamento duma cidade que por acaso iria ficar na zona de influência soviética.
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