POEMA

SALA DE CONCERTOS


XIV


(«Tristão e Isolda no Teatro de S. Carlos. Vejo mal o palco, por causa da coroa. Maldita Coroa Real! Vontade de derrubá-la e esmagar alguns parvos da plateia. Atrás de mim o escultor Dias Coelho, mais tarde assassinado pela PIDE, ao lado de uma rapariga.)


Atrás de mim na Geral
dois jovens efémeros da mãos dadas,
Filtros de Suor na pele ardente,
aproveitam esta melodia
para fingir que se amam
na mentira de se amarem eternamente...

Enquanto eu continuo na minha ilusão com musgo
de amar ninguém em toda a gente.


José Gomes Ferreira

4 comentários:

samuel disse...

Ia ouvir música em bela companhia...
Os parvos na plateia persistem... agora, armados de telemóveis...

Abraço.

Maria disse...

Uma ida ao S. Carlos muito especial...

Um beijo grande.

Justine disse...

Magnífica a expressão "jovens efémeros"!!
Apontamentos empolgantes transformados em poesia!

Fernando Samuel disse...

samuel: ... e, um dia destes, quem sabe, a comer pipocas...
Um abraço.

Maria: e quem ele havia de encontrar!...
Um beijo grande.

Justine: também nós já fomos...
Um beijo.