POEMA

CINZAS


XXIV


(Soeiro Pereira Gomes, tão altivo e humano, que combatia na clandestinidade contra o fascismo, morreu de um cancro. Sinto vergonha de existir.)


Hoje até remorsos tenho
dos meus pobres versos a fingirem de subversivos
que os mortos do rebanho
lêem com o arreganho
de se julgarem vivos.

(No fundo, evasão
para futuros sem chão.)


José Gomes Ferreira

8 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Para mim este é um dos poemas GRANDES de JOSÉ GOMES FERREIRA.

"que os mortos do rebanho
lêem com o arreganho
de se julgarem vivos"

Admirável!!!!!

Um beijo.

samuel disse...

Depois passa a raiva e a impotência... e a luta continua!

Abraço.

Maria disse...

Toda a poesia é subsersiva. A do Zé Gomes é militantemente subsersiva.

Um beijo grande.

Justine disse...

Triste. Mas belo!

GR disse...

Lindíssimo poema.
Este poema é (especialmente)muito significativo.

Bjs,

GR

Nelson Ricardo disse...

Acho que não é difícil sentir-se pequeno perante um escritor com tamanha devoção a contar as duras vivências do povo.

Um Abraço.

Nelson Ricardo disse...

Embora José Gomes Ferreira também seja um dos grandes nomes da cultura portuguesa e esteja ao lado de Soeiro Pereira Gomes.

Fernando Samuel disse...

Graciete Rietsch: grande homenagem a Soeiro.
Um beijo.

samuel: e o poeta continua a militar...
Um abraço.

Maria: e modesta...
Um beijo grande.

Justine: e incisivo.
Um beijo.

GR: se é!...
Um beijo.

Nelson Ricardo: é bem verdade o que dizes nos dois comentários.
Um abraço.