POEMA

CAFÉ


XXXVIII


(A gente da mesa vizinha só fala em dinheiro, negócios de compra e venda... E, no entanto, temos de salvar o mundo, homens. Dar-lhe outro sentido.)


Tudo vendem e compram: sonhos, estátuas de sebo,
palácios para idílios de espectros,
sorrisos de crocodilo,
frio arrancado das lanças...

Só não percebo
porque não vendem luar a metro
e as estrelas a quilo
(para caixões de crianças).


José Gomes Ferreira

4 comentários:

samuel disse...

É uma das coisas que mais me assusta nas conversas da gente nas mesas vizinhas.

Abraço.

Graciete Rietsch disse...

Infelizmente é o que ainda vamos ouvindo nos jornais, nas televisões , nas mesas vizinhas.

"Levata-te, meu Povo
Não é tarde"

Um beijo.

svasconcelos disse...

Chocante o relato do poema. Perturba, preocupa..."outro sentido" para a vida, é urgente.
Beijo,

Maria disse...

Fortíssimo o poema do Poeta Militante, que militantemente fez o seu trabalho: deixou-nos as palavras para nelas pensarmos...

Um beijo grande.