CAFÉ
XXVIII
(No Rossio os ardinas vendem em Separatas da «Seara Nova» duas canções do Graça: a «Mãe Pobre» com versos de Carlos de Oliveira e a «Jornada» com versos meus.)
Dia de chuva na cidade
triste como não haver liberdade.
Dia infeliz
com varões de água
a fecharem o mundo numa prisão.
E alguém a meu lado com voz múrmura que diz:
«está a cair pão.»
Ah! que vontade de gritar àquela criança seminua
sem pão nem sol de roupa:
«Eh! pequena! Deita-te na rua
e abre a boca...»
(Dia em que urdo
este sonho absurdo.)
José Gomes Ferreira
5 comentários:
Só o Poeta Militante para escrever assim, com tanta ternura e beleza num quadro triste...
Um beijo grande.
Mais um belo poema triste.
Porque o Poeta Militante tinha também na sua Luta, momentos de grande tristeza.
Bjs,
GR
O poeta bem sabia que, para além do sol, muito mais coisas quando nascem não são para todos...
Abraço.
Que belo poema tão triste mas tão grandioso!!!!!!!!
Um beijo.
Maria: por isso - e para isso - é Poeta Militante...
Um beijo grande.
GR: como todos os Militantes...
Um beijo.
samuel: a começar pelo pão...
Um abraço.
Graciete Rietsch: muito belo, de facto.
Um beijo.
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