Este ano, pela primeira vez, representantes dos governos dos EUA, da França e da Grã-Bretanha estiveram presentes nas «cerimónias de Hiroshima» - e, asim tendo sido, também o secretário-geral da ONU lá esteve, pela primeira vez...
O embaixador dos EUA no Japão depositou uma coroa de flores «em memória de todas as vítimas da II Guerra Mundial» - e assim se baldou a falar concretamente de Hiroshima e dos que ali semearam o CRIME, o HORROR: os EUA.
O primeiro-ministro do Japão falou do «horror e do sofrimento causados pelas armas atómicas» e da «responsabilidade do Japão em liderar o combate para construir um mundo sem armas nucleares» - e assim se baldou a enunciar os culpados do «horror e do sofrimento causados pelas armas atómicas», os que, concretamente, lançaram o «horror e o sofrimento»: os EUA.
O secretário-geral da ONU, como se esperava, também não disse nada.
Quer isto dizer que, quando o essencial fica por dizer, o que se diz não passa de blá-blá-blá.
Quer isto dizer, portanto, que, como era previsível, continuará a vigorar a monumental patranha lançada na altura pelos criminosos de guerra Truman e Churchill, justificando o CRIME.
Patranha que persiste apesar de ter sido claramente desmentida pelos documentos secretos desclassificados, pelos EUA, em 1995 - há 15 anos!
Esses documentos desclassificados, provam, inequivocamente, que, quando as bombas atómicas foram lançadas, o Japão estava irremediavelmente vencido; que o imperador do Japão decidira render-se desde 20 de Junho; que o Japão perdera quase toda a aviação e marinha e a sua defesa antiaérea tinha sido desfeita pelos 7 mil raids dos B-29 norte-americanos; que a capital, Tóquio, tinha sido exaustivamente bombardeada pelos norte-americanos, provocando 125 mil mortos e feridos, etc, etc, etc.
Quer isto dizer, igualmente, que as «cerimónias de Hiroshima» de ontem foram mais uma farsa, mais um insulto à memória das centenas de milhares de homens, mulheres e crianças inocentes, vítimas dos criminosos objectivos expansionistas do imperialismo norte-americano.
Entretanto, longe de Hiroshima - nos EUA, sentado junto à piscina da sua casa - Theodore Van Kirk, que é o único ainda vivo dos tripulantes do bombardeiro B-29 que lançou a bomba sobre Hiroshima (Enola Gay se chamava o bombardeiro, assim baptizado pelo piloto Paul Tibbets em homenagem a sua mãe...) repete-se em sentidas manifestações de «orgulho» pelo que fez nesse dia 6 de Agosto de 1945.
«Senti-me orgulhoso de estar no Enola Gay» - diz o monstro.
«Se fosse hoje voltaria a lançar a bomba atómica» - diz a besta.
E confessa que «o único objecto pessoal» que, nesse dia, levou consigo foi... «a Bíblia» - «em formato de bolso», para poder tê-la junto ao coração quando lançasse a bomba atómica...
Quer tudo isto dizer que, neste 65º aniversário de Hiroshima, Theodore Van Kirk, dizendo o que sente, disse o que os governantes dos EUA pensam.
Outras hiroshimas espreitam os povos do mundo.
7 comentários:
Os media não param de enaltecer a presença, pela primeira vez, de um representante do governo dos E.U.A. Segundo o que dizem, é para demonstrar a necessidade de acabar com o armamento nuclear.
E assim se vai preparando a hostilidade para com o povo iraniano (entre outros)...
Podemos então começar a fazer contas aos anos, para saber quando irão "homenagear" as vítimas do Vietname, do Chile, do Iraque, do Afeganistão... para ficar só por estes.
Abraço.
Esses documentos desclassificados bem me dão razão quando penso que o horror de Hiroshima e Nagasaki tinha como objectivo testar a eficácia das armas nucleares.
Esse crime não tem perdão.
Beijos.
Revoltante... e enojante a promiscuidade ideária dessa abjecção humana. Orgulho?! Por assassinar (assassinar!!) milhares de inocentes? E ainda levando um símbolo, que supostamente ( e para quem assim o crê) na sua ideologia não "abençoaria" tal masscre? Quer dizer, é um exemplo flagrante da bestialidade religiosa e política, em parelha...
Um beijo,
Nem sei comentar este post. Faltam-me as palavras.
Deixo-te um beijo grande.
Pedro: o Irão está na calha...
Um abraço.
samuel: a sucessão infindável de «homenagens»...
Um abraço.
Graciete Rietsch: nem com pedido de desculpas...
Um beijo.
smvasconcelos: é isso: bestialidade.
Um beijo.
Maria: um beijo grande também para ti.
Uma falta de vergonha e de humanidade sem limites! Foram dizimados inocentes para que fosse testada uma arma nova em combate, foi apenas isso! e depois ainda temos que gramar com propaganda de deixar lágrimas nos olhos como é o caso de Pear Arbor...
Esperava até mais patriotismo da parte do PM japonês, que na sua revolta se senti-se obrigado a denunciar qualquer agressão criminosa contra o seu país. Tolice minha: Capitalistas são capitalistas!
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