POEMA

AMARGO ESTILO NOVO


Tudo é fácil quando se está brincando com a flor entre os dedos,
quando se olham nos olhos as crianças,
quando se visita no leito o amor convalescente.
É bom ser flor, criança, ou ser doente.
Tudo são terras donde brotam esperanças,
pétalas, tranças,
a porta do hospital aberta à nossa frente.

Desde que nasci que todos me enganam,
em casa, na rua, na escola, no emprego, na igreja, no quartel,
com fogos de artifício e fatias de pão besuntadas com mel.
E o mais grave é que não me enganam com erros nem com falsidades
mas com profundas, autênticas verdades.

E é tudo tão simples quando se rola a flor entre os dedos!
Os estadistas não sabem,
mas nós, os das flores, para quem os caminhos do sonho não guardam segredos,
sabemos isso e todas as coisas mais que nos livros não cabem.


António Gedeão

4 comentários:

samuel disse...

Nós, "os das flores", retiramos o nosso prazer e energia exactamente das mesmas coisas que nos enchem, por vezes, de nódoas negras...
"E é tudo tão simples quando se rola a flor entre os dedos!"

Abraço

Maria disse...

E é tudo tão melhor quando "nós, os das flores", sabemos que os sonhos hão-de continuar a comandar as nossas vidas...

Um beijo grande

Ana Camarra disse...

Nós os das flores temos esta estranha mania de sonhar!

Fernando Samuel disse...

samuel: tão, tão simples...
Um abraço.

Maria: e sempre que um homem sonha...
Um beijo grande.

Ana Camarra: atenção!: sonhar pode ser visto como um acto terrorista...
Um beijo.