POEMA

(À Eterna Criança que me persegue a pedir esmola.
Grito de cólera.)


Ouve, Não-sei-quem:

recuso-me a viver
num mundo assim de lua podre
disfarçado de flores
com repetições de esqueletos
e a Eterna Voz Faminta
aqui na minha frente
- pálida de existir!

Ouve, Não-sei-quem:

e se, depois de tudo isto,
ainda há céu e inferno
ou outra sombra intermédia,
recuso-me terminantemente a morrer
e a entrar nessa comédia!


José Gomes Ferreira

5 comentários:

Mário Pinto disse...

Recusemo-nos!

Abraço!

Justine disse...

Ando a descobri-lo, palavra a palavra, verso a verso - e tu estás a ajudar!
Continuo fascinada.

samuel disse...

A recusa que pode mudar tudo.

Abraço.

Graciete Rietsch disse...

Por isso José Gomes Ferreira continua bem vivo e ao nosso lado.

Um beijo.

João Henrique disse...

Essa forma coerente como trabalha o colectivo do PCP, provoca muitas dores... a muita gente.
(problema deles)

Um abraço.