POEMA

AMOSTRA SEM VALOR


Eu sei que o meu desespero não interessa a ninguém.
Cada um tem o seu, pessoal e intransmissível;
com ele se entretém
e se julga intangível.

Eu sei que a Humanidade é mais gente do que eu,
sei que o Mundo é maior do que o bairro onde habito,
que o respirar de um só, mesmo que seja o meu,
não pesa num total que tende para infinito.

Eu sei que as dimensões impiedosas da Vida
ignoram todo o homem, dissolvem-no, e, contudo,
nesta insignificância, gratuita e desvalida,
Universo sou eu, com nebulosas e tudo.


António Gedeão

3 comentários:

samuel disse...

E isso... convém não se esquecer.
Quem acha que anulando-se ajuda o colectivo, não está a perceber que um colectivo de nulidades não serve para nada.

Abraço.

Graciete Rietsch disse...

Sim, nós somos um Universo de que não devemos abdicar mas que, posto ao serviço de outro Universo que é a Humanidade,tem muito mais valor.

Um beijo.

GR disse...

É exactamente assim!
Este meu/nosso Universo por esta altura tanto trabalho tem, faltam 13 dias e depois terei mais tempo de vir até aqui.

Bjs,

GR