POEMA

AS CRIANÇAS E OS MONSTROS


A criança entrou numa casa de brinquedos e perguntou:
- Tem carícias para vender?
E o homem respondeu: - Essas coisas não temos,
mas vendemos revólveres, metralhadoras
e canhões para crianças subdesenvolvidas
e bombas atómicas
em miniatura
para meninos de fino trato
pagáveis em dez prestações
e com entrega mensal de um monstro
mais ou menos domesticado
ao cliente que tiver praticado o crime atómico
em miniatura
mais horrível do mundo.


Sidónio Muralha

3 comentários:

Graciete Rietsch disse...

O horror da guerra através de meninos.
De Sidónio Muralha, claro, que gostava muito de crianças.

Um beijo.

samuel disse...

O poeta também tinha armas...

Abraço.

GR disse...

Um grande e actual poema.

Bjs,

GR