Mesmo correndo o risco de abusar da paciência dos visitantes do Cravo de Abril, parece-me indispensável concluir a breve revisão da matéria dada no que respeita ao 1º de Maio com uma referência às comemorações do Dia do Trabalhador após o 25 de Abril de 1974.
«De todos os Dia do Trabalhador comemorados em Portugal, o mais impressionante, o mais grandioso, o mais belo - e que, por isso, ficará na nossa memória colectiva como acontecimento maior na luta do movimento operário e popular português - foi, sem dúvida, o 1º de Maio de 1974: o primeiro 1º de Maio.
Foi todo o povo nas ruas de todas as cidades e vilas e aldeias do País, exercendo a liberdade acabada de conquistar por força do seu exercício; transformando o levantamento militar vitorioso num impetuoso processo revolucionário e dando assim os primeiros passos na conquista de uma democracia com inequívoco conteúdo político, social, económico e cultural - e foi o ponto de partida para a conquista histórica, pelos trabalhadores, de direitos que tinham constituído objectivo das suas lutas ao longo de décadas.
Oito anos depois, quando o processo revolucionário já havia sido interrompido e a contra-revolução avançava - as comemorações do Dia do Trabalhador voltaram a ficar marcadas pelo sangue dos trabalhadores.
Os acontecimentos em torno das comemorações, no Porto, do 1º de Maio de 1982, trouxeram às memórias os tempos do passado que se julgava definitivamente derrotado em Abril: na sequência de uma provocação criminosa, montada pelo Governo "AD" (PSD/CDS), pelas forças repressivas e pelos divisionistas da UGT, dezenas de trabalhadores foram feridos, muitos em estado grave, oito dos quais baleados pela polícia.
E dois jovens trabalhadores - Pedro Vieira e Mário Gonçalves - foram assassinados».
Ontem, em dezenas de localidades do País, milhares e milhares de trabalhadores saíram às ruas, ao apelo da sua Central Sindical - a CGTP-IN - lutando pelos seus direitos e interesses, combatendo a política de direita ao serviço do grande capital, exigindo uma política de esquerda ao serviço dos trabalhadores, do povo e do País -gritando bem alto: «NÃO QUEREMOS AQUI O FMI!»
E Maio - a luta - continua.
Nas empresas e locais de trabalho, a luta continua.
Nas ruas - nas manifestações convocadas para dia 19, em Lisboa e no Porto - a luta continua.
Por ABRIL.
Por MAIO.
Até conquistarmos o FUTURO.
13 comentários:
Fernando Samuel
Ontem mais uma vez tivemos uma provocação montada. Desta feita pelo Ferro Rodrigues do PS com a desculpa de ir cumprimentar Carvalho da Silva. Este senhor que "desapareceu misteriosamente" quando o seu nome foi falado como mais um dos abusadores da Casa Pia viu que este tipo de provocação deu resultado com Vital Moreira e veio à procura de ver se conseguia o mesmo resultado. Mais uma vez as TVs lá estavam a postos para fazerem a cobertura de mais esta provocação do PS. Mas felizmente o POVO não esqueceu e compreendeu logo o que o ranhoso procurava e então só se ouviu mandá-lo trabalhar que é coisa que ele não sabe fazer. Saiu-lhe o tiro pela culatra e lá desandou a dar abraços ao Proença da UGT e a alguns CDSs que estiveram no Rossio. O PS está a adoptar os esquemas da PIDE quando provocavam os trabalhadores.
Vitor sarilhos
Aluta vai continuar, dia 19 lá vamos estar.
Um abraço.
Sempre... e sempre urgente!
Abraço.
Bom ler os teus ensinamentos. Bom ouvir a tua voz a vibrar de alegria, de força e de raiva. Bom ter-te connosco!
Eu já comecei com uma leitura muito boa: «Uma Fortaleza da Resistência" de Fernando Miguel Bernardes.
É um registo muito interessante da resistência contra o fascismo, das prisões e dos métodos usados pela PIDE.
A certa altura, pensei nesta grande vitória que foi escrever e publicar as memórias daqueles que viveram e lutaram contra o fascismo.
São memórias que combatem o esquecimento e incentivam a luta contra os inimigos de Abril e de Maio.
(Jorge)
Estou em sintonia total com o 1º comentário.
É preciso estarmos alerta para as provocações que se avizinham e onde o PS, ao longo de muitos anos, demonstrou ser useiro e vezeiro.
Sim, temos tempos difíceis pela frente, e pela LUTA é que vamos lá!
beijo,
Nunca é demais lembrar as atrocidades acontecidas já depois de Abril (eu também estive lá, nesse triste ano).
Tantos e tantos milhares de trabalhadores estiveram nas ruas ontem, 1º de Maio e nem a chuva nos fez parar ou calar!
(Jorge)
Vou comprar esse livro.Terminei hoje "Vidas na Clandestinidade" Edições Avante.
Aborda o mesmo tema, muito interessante.
Bjs,
GR
Eu quase assisti ao assassinato dos dois trabalhadores nesse Primeiro de Maio. Não pude lá estar à noite, mas à tarde vi toda a montagem policial que posteriormente cometeu esse horroroso crime contra trabalhadores no Portugal de Abril.
Mas fui ao impressionante funeral com àlvaro Cunhal e Vasco Gonçalves a abrir o cortejo que seguiu a pé até ao Prado do Repouso.
Um silêncio angustiante.
Nunca esquecerei.
Um beijo.
Apesar dos crimes fascistas a luta continua.
SEMPRE
A luta continua! E é isso que os irrita e os faz espumar de raiva, pois a vitória será nossa!
nuno
Vitor sarilhos: a vida nacional - e a história do 1º de Maio - está cheia de exemplos de provocações montadas por provocadores do PS: há dois anos foi o Vital Moreira, em 1975 foi a monumental provocação montada pelo Mário Soares...
Um abraço.
joão l.henrique: rima e é verdade...
Um abraço.
samuel: não há volta a dar-lhe...
Um abraço.
Justine: bom ter-vos comigo; bom termo-nos connosco.
Um beijo.
jorge: e e preciso - é fundamental - que muitos outros resistentes nos contem momentos da sua vida de resistência.
Um abraço.
Eduardo Miguel Pereira; de acordo.
Um abraço.
svasconcelos: e lutaremos até alcançarmos os nossos objectivos...
Um beijo.
GR: e o Caravela, e o Casquinha, e tantos outros...
Um beijo.
Graciete Rietsch: também estive lá, no funeral; e também nunca esquecerei.
Um beijo.
Antuã: e venceremos.
Um abraço.
O Puma: SEMPRE!
Abraço.
nuno: não tenhas dúvida.
Abração.
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