É tempo de «eleições». Com aspas, pois claro...
Na verdade, para que, em vez de «eleições» sejam eleições, falta-lhes... quase tudo.
Falta-lhes, por exemplo, serem eleições livres. Com tudo o que isso significa.
E é assim em todos os países onde o regime de democracia burguesa assegura a defesa dos interesses do sistema capitalista.
As «eleições» são a fachada democrática por detrás da qual se esconde um dos mais clamorosos embustes do nosso tempo:
a ilusão de que é o povo, com o seu voto, que decide, quando na realidade, antes das «eleições» já está tudo decidido, estando assegurada, pelo poder dominante, sempre, a vitória de um dos partidos do sistema.
Seja ele qual for: o Democrata ou o Republicano, nos EUA; o Trabalhista ou o Conservador, na Grã-Bretanha; o PSOE ou o PP, em Espanha... e, no nosso caso, o PS ou o PSD (cada um deles com o CDS atrelado ou não).
Por tudo isto, a meu ver, para os comunistas, participar em «eleições» significa fazer delas um capítulo da luta de massas, travar uma batalha de esclarecimento e de mobilização dos trabalhadores para o voto como arma da luta, no sentido em que, quanto mais votos obtivermos e quanto mais deputados elegermos, mais forte será a luta no dia a seguir às eleições - a luta de massas, a que é decisiva para dar a volta a isto.
Daí a necessidade do envolvimento intenso, determinado e confiante de todo o colectivo partidário comunista nesta batalha, fazendo chegar às massas trabalhadoras a nossa mensagem, procurando atrair ao voto na CDU todos os que, nos últimos meses, têm participado no vasto e poderoso conjunto de lutas travadas contra a política de direita e por um novo rumo para Portugal.
Ou, como temos dito: levar a luta ao voto.
E, como diremos no dia 5, depois de contados os votos: levar o voto à luta.
16 comentários:
É um caminho que parece interminável... até começarmos a dar mais valos às aparentemente pequenas coisas que se vão fazendo... pelo caminho.
Abraço.
O seu artigo apoia-se na famosa tese de Lenine sobre as "eleições burguesas e o papel revolucionário dos comunistas na tribuna parlamentar burguesa" um artigo muito importante, que devia de servir para muitos nesta altura para apenas não limitar o seu esforço à representação parlamentar e pensar que esta é suficiente para alterar o que quer que seja na ordem burguesa capitalista.
Só que o PCP tem cumprido com a primeira parte da tese e esqueceu-se da segunda, ou seja quando tem que denunciar o sistema capitalista e quando propõe soluções para o "desenvolvimento e crescimento económico" "dinamização do mercado interno" "apoio aos pequenos e médios capitalistas" "o proteccionismo económico" ect.etc.
Além disso "até ao voto e o voto trás a luta" pode até representar o contrário se não se mobilizar o proletariado e as camadas mais pobres da população trabalhadora não asalariada contra a EXPROPRIAÇÃO que pretendem fazer e que poderá ter resultados eleitorais no sentido de enfraquecer as tróikas UE/BCE/FMI/PS/PSD/CDS e criar melhores condições para o futuro da luta que é necessário travar, não no "interesse nacional" como o PCP e o BE defendem DESGRAÇADAMENTE mas sim no interesse do proletariado e do povo pobre trabalhador não assalariado. Se assim não acontecer o seu APELO não passa de um mero ACTO ELEITORALISTA.
A Chispa!
Sobre o "debate" de ontem entre J.deSousa e P.Portas.
J.S. não foi capaz de desmascarar o fascista P.Portas e ainda por cima concordou com ele em algumas situações.Que tristeza!
A intervir desta forma, possivelmente nem os votos de muitos militantes o PCP terá.
A.Lobo
Grândola
"contra a política de direita e por um novo rumo para Portugal".
Esse é o caminho que todos os dias estamos a percorrer.
Um abraço.
Temos muito que lutar e sofrer até porque a grandeza da nossa ideologia todos os dias é deturpada e enxovalhada.
E isso põe-me triste pois vejo muito longe ainda "as portas que Abril abriu"
Mas sei que Abril se cumprirá!!!!
Quando? Depende da luta dos verdadeiramente interessados num mundo diferente e do acordar do Povo. Já não será para mim, mas os que vierem a seguir beneficiarão,sem dúvida, desta luta sem tréguas e por vezes desanimadora.
A luta tem que continuar. Antes do voto,depois do voto. Sempre.
Um abraço.
Pelo contrário, A. Lôbo de Grândola.
Gostei da intervenção de Jerónimo de Sousa, porque foi educado, não interrompeu, esteve bem e até melhor do que em certas alturas.
Fez as intervenções que deveriam ser feitas.
Não foi provocador.
Foi digno.
Com o meu voto conta e também com um abraço, se calha encontrá-lo numa arruada em Lisboa.
(Jorge)
A.Lobo,
Mas os militantes/simpatizantes do PC precisam que JS os esclareça sobre quem é o PPortas???
O mais basico dos nosso simpatizantes, que posso ser eu, sabe muito bem que é PPortas, mais Jeronimo de Sousa esteve muito bem no debate.
Nada nos fará travar esta difícil luta diária que é de todos, os que desejam um futuro melhor.
Ninguém nos tira “cá de dentro” esta vontade de seguir em frente e não parar.
Bjs,
GR
Levar a luta ao voto e o voto à luta são importantes especialmente quando o capitalismo treme. Mas não nos peçam receitas sobre o que vai acontecer pois a cultura de cada povo determina como acabará com o capitalismo.
É isso Fernando Samuel, bela e certeira resenha : Levar a luta ao voto, antes de dia 5, e o voto à luta, depois.
Um beijo!
Camaradas,
Vamos todos fazer força para atingirmos os 2 digitos??? É Agora ou nunca , uma votação na ordem dos 12 % mudaria muita coisa.
Abraços
Caso o número de votantes, no total nacional, não ultrapasse os 3 milhões, é bem possível que se consiga os 12%.
Num futuro mais próximo e com a abstenção a subir em todas as eleições, o sentido da CDU será sempre para subir, dado que os 300 mil votantes estão sempre consolidados.
Um abraço ao camarada e irmão Bolota
(Jorge)
Proponho um exercício simples: reuna-se numa sala um grupo de pessoas, trezentas por exemplo, e coloque-se a debate a situação do país e as posições dos respectivos partidos. Não tenho a menor dúvida que o PCP congregaria um apoio quase unânime. Porque as pessoas gostam de verdade, coerência, honestidade e trabalho. Durante os cerca de 14 anos em que realizei plenários de trabalhadores foi sempre isso que sucedeu.
Ora, se eleitoralmente isso não acontece, onde estará o problema?
É assim tão complicado entender o resultado do trabalho sujo desenvolvido pela comunicação social dominante, propriedade da classe que só o PCP combate?
O sistema e regime em que vivemos são antidemocráticos e as eleições uma farsa. Ganha quem o capital determina, o resto são meros frutos conjunturais traduzidos em décimas acima ou abaixo das expectativas. Concordo, por isso, com a posição do PCP, para quem as eleições são apenas uma frente de luta e nem sequer a mais importante. As eleições são disputadas num quadro profundamente desigual para as forças concorrentes, com o exacerbar da bipolarização e a lavagem de corruptos e ladrões, que se apresentam assim de roupa lavada.
Namora,
Mas não é entre os nosso pares que teremos de encontar respostas para a descrepancia entre o trabalho realizado e os resultados??
Falo por mim, fiquei danado com o resultado de Francisco Lopes nas ultimas Presidenciais tendo em conta o seu desempenho. Temos de ser capazes de resolver esta questão.
Bolota,
Desde miúdo recordo que após cada acto eleitoral o PCP realiza reuniões para que o colectivo partidário analise os resultados. Mas procurar em eventuais deficiências do nosso trabalho a justificação para tais resultados seria masoquismo injustificado.
A verdade é que o eleitorado está envenenado por anos de políticas executadas por ladrões diplomados e tende a considerar todos iguais. Embora continue a votar sempre nos mesmos.
Não tenho dúvidas quanto à impossibilidade de eleições justas e democráticas em Portugal. Se não fosse a magnífica campanha que desenvolvemos, em que cada voto conquistado custa imensamente mais do que aos outros, talvez obtivéssemos um resultado eleitoral desagradável. Por isso considero tão importantes termos a noção do terreno em que nos movemos: movediço, liderado por ladrões e mafiosos do pior, que usam a política para mascarar os seus propósitos criminosos.
Como pode o sistema permitir que o PCP divulgue a sua mensagem livremente?
" Como pode o sistema permitir que o PCP divulgue a sua mensagem livremente? "
Namora,
Mandando calar Judite de Sousa pela forma parcial como conduziu hpje o debate de Jeronimo de Sousa Com Passos Coelho.
Temos de uma vez por todas deixar o politicamente correcto e começar a actuar como um Partido de intervenção.
Abraços
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