DESINFORMAÇÃO ORGANIZADA

As pessoas que têm como única fonte de informação os média dominantes não sabem que amanhã os trabalhadores virão para a rua, em Lisboa e no Porto - convocados pela sua Central Sindical, a CGTP-IN - lutar pelos direitos que a troika da política de direita lhes tem vindo a roubar há 35 anos - e aos quais a troika do grande capital financeiro veio, agora, dar uma machada fatal.
Sobre essas manifestações, a generalidade desses média disse... nada.
O que não surpreende, aliás, já que, como é sabido, manifestações e outras lutas dos trabalhadores não são tema que se enquadre nas preferências - nem nos «critérios informativos»... - dos média propriedade do grande capital.

Assim, participarão nas manifestações apenas os trabalhadores informados - a informação gera a lucidez e a coragem - ou seja, aqueles que se inteiram do que se passa no país e no mundo recorrendo à informação alternativa ou que são contactados pessoalmente, e informados, nas empresas onde trabalham, pelos activistas sindicais.

Quanto ao outros - os que apenas lêem, ouvem e vêem os jornais, rádios e têvês - esses ficarão a saber o que as direcções desses jornais, rádios e têvês querem que eles saibam sobre o que se passa por cá e lá fora.

Sobre o que se passa por cá, os jornais de hoje, dia 18 de Maio, véspera das grandes manifestações de Lisboa e do Porto, dedicam a parte maior das suas edições ao jogo de futebol FCPorto/SCBraga que esta noite terá lugar em Dublin.
E não poupam espaço, antes pelo contrário: o DN dedica ao acontecimento nada mais nada menos do que 10-páginas-10; e o Público e o JN meia dúzia cada um - todos fazendo da notícia manchete de primeira página.
E sobre o assunto fica o leitor a saber tudo-tudinho - inclusive que os «padres de Braga, nas missas de hoje, vão orar» pelo clube local, com isso procurando «juntar adeptos bracarenses e convidá-los a orar»...
Tudo-tudinho, excepto talvez o mais significativo, a saber: o facto de se tratar de um jogo entre dois clubes de um País recém- ocupado pelas hordas do FMI, realizado na capital de um País que já está a sofrer na carne e na pele os efeitos de uma ocupação semelhante.

Sobre o que se passa lá fora, o destaque vai para a prisão do número 1 do FMI nos EUA - para onde a «nossa» RTP enviou uma brigada especial para acompanhar a par e passo tudo-tudinho..., como o Cantigueiro oportunamente registou ontem.
Hoje ficámos a saber que - segundo uma «sondagem»... - 57% dos franceses acham que Strauss-Kahn está a ser vítima de uma cabala... (onde é que eu já ouvi isto?...)
Uma pequena notícia dá nota, entretanto, que a defesa de Strauss-Kahn admite que terá ocorrido algo do foro sexual entre o chefe do FMI e a camareira do hotel: não o que a mulher diz que aconteceu, mas... «uma relação sexual consentida»...
Se assim foi... 57% dos franceses estão errados, está visto...

Voltando à matéria de primeiro: amanhã é dia de luta.
Nas ruas.
Em Lisboa e no Porto.
Luta contra a política de direita e os que a vêm praticando há 35 anos.
Luta, também - isto digo eu - contra os que, através de uma prática sistemática de desinformação organizada - a desinformação organizada gera a falta de lucidez e de coragem - têm dado um contributo decisivo para que a situação de Portugal e dos portugueses tenha chegado ao desgraçado estado a que chegou.

9 comentários:

samuel disse...

A antiga luta contra a desinformação... tão longe de acabar...
Grande post!

Abraço.

Eduardo Miguel Pereira disse...

Belo post, Fernando.
Amanhã, Largo do Calvário, 15H00 lá estaremos, e espero que muito bem acompanhados.

Justine disse...

Tudo serve para distrair mais quem já anda distraído...
E amanhã lá estaremos, faça chuva ou faça sol!

Antuã disse...

A União Nacional já está a funcionar.

Carlos Henriques disse...

Passem pelo "resistir.info" e leiam o comunicado do PCdaGrécia sobre a Greve Geral do passado dia 11 de Maio. Bem como a sua posição acerca da divida soberana e depois comparem com a que o nosso Partido defende.



No debate com Sócrates o Jeránimo disse que nós não DIABOLIZAVAMOS o LUCRO o que quer dizer que aceitamos a exploração assalariada.

No seu esforço intelectual e para contrariar as afirmações de Sócrates em relação aquelas que proferiu no "debate" com F.Louçã,disse ainda, que não estavamos contra o Euro, o que quer dizer que não estamos contra a UE.
Para que haja uma maior equidade no combate à crise económica e defender a justeza das nossas propostas económicas, reafirmou a necessidade de criação de uma "taxa fiscal extraordinária" apenas para os capitalistas que tenham um LUCRO ANUAL SUPERIOR a 50 MILHÕES de EUROS,ou seja 10 milhões de contos, que convêm dizer que não está ao alcance de qualquer capitalista.

Pela sua complexidade não se importaria o camarada Fernando de esclarecer estas afirmações feitas em nome do Partido.

Saudações

Carlos Henriques
Seixal

Anónimo disse...

Ontem foi um dia embaraçoso para J.Sousa em Sesimbra, velha vila pescatória, agora transformada num pequeno resort para a pequena burguesia urbana. Pois é, J. de Sousa verificou a indiferença e o desinteresse por parte dos pescadores relativamente à sua pessoa e ao PCP. Um até lhe disse directamente que iria votar em branco. Aqui está um partido dos trabalhafores e de massas a ser recebido com enorme "alegria" por aqueles que diz defender. Isto prova bem que o PCP, afinal prefere outra gente e outra política.

Fernando Samuel disse...

samuel: temos muito que lutar...
Um abraço.

Eduardo Miguel Pereira: e Fora daqui com o FMI...
Um abraço.

Justine: e nunca houve uma operação de «distracção» tão forte como a actual...
Um beijo.

Antuã: três partidos que aspiram a ser... um partido único...
Um abraço.

Chalana: ainda bem que vocês voltaram - faziam cá falta.
Abraços.

svasconcelos disse...

E se mais dúvidas houvesse hoje corri apra casa para me inteirar da manif pela tv, por volta das 16 e 30... liguei todos os canais portugueses, incluindo os noticiosos.... nada! Até às 17 e pouco, nada mesmo! Vergonhoso.

Um beijo,

Graciete Rietsch disse...

A manifestação no Porto foi grande, mas a luta tem que continuar cada vez mais forte. As TV quase ignoraram.

Um beijo.