«Foi a 19 de Maio de 1954, no começo das ceifas, numa luta por melhores jornas, nas redondezas de Baleizão, que o famigerado Carrajola, um tenente da GNR, num acto de ódio criminoso, assassinou Catarina com uma rajada de metralhadora.
Os trabalhadores agrícolas de Baleizão estavam em greve, reivindicavam melhores jornas nas ceifas.
A GNR tinha a aldeia cercada. Próximo dali, um rancho arregimentado pelo agrário, "furou" a greve. Catarina e mais 14 companheiras romperam o esquema da GNR e foram ao encontro do grupo que ceifava. Foram interceptadas pelo tenente Carrajola que as questionou, cheio de ódio, sobre o que queriam elas. Catarina respondeu: "Quero pão para matar a fome aos meus filhos!".
Em resposta, o criminoso Carrajola disparou uma rajada de metralhadora, matando Catarina...
Este bárbaro crime provocou profunda dor e revolta no País, em particular na região de Beja e na terra baleizoeira. O fascismo matava homens e mulheres por lutarem por Pão e Trabalho, pela Liberdade e pela Democracia.
Uma das fortalezas alentejanas da resistência antifascista, Baleizão era onde o PCP, na clandestinidade, contava com forte influência e onde as mulheres comunistas tinham uma activa militância na luta revolucionária contra a ditadura salazarista, na luta pela Liberdade.
Há gente que não gosta do PCP e procura negar que Catarina fosse militante do Partido. É necessário dar luta contra essas mentiras.
Catarina Eufémia era não só militante, desde 1953, como era também membro do Comité Local de Baleizão do PCP e um dos seus membros mais activos».
(António Gervásio - Dirigente do PCP na clandestinidade, nos anos 50, no Alentejo)
«Catarina morreu como deve saber morrer um membro do Partido. Morreu à frente das massas, encabeçando a luta de classe, defendendo os interesses vitais dos trabalhadores. Enquanto viva, Catarina serviu, com a sua actividade, a classe trabalhadora. Morta, continuou a servi-la pelo seu exemplo, inspirando sucessivas gerações no espírito de combatividade e de abnegação.
Catarina tornou-se uma lendária heroína popular, orgulho do glorioso proletariado rural alentejano, orgulho de todos os trabalhadores portugueses, orgulho do Partido.
(...) O Partido Comunista Português, o Partido de Catarina Eufémia, é uma criação do povo trabalhador e existe para servi-lo. Nós, comunistas, onde quer que estejamos, nos locais de trabalho ou o Governo, não pouparemos esforços e daremos a vida se necessário, na defesa dos interesses, das aspirações, dos objectivos do povo trabalhador.»
(Álvaro Cunhal - discurso em Baleizão, 19 de Maio de 1974)
CATARINA
15 comentários:
Que o exemplo floresça e dê frutos e sementes.
Um abraço,
mário
Nunca é demais lembrar... e esclarecer.
Abraço.
Grande partilha, Fernando Samuel! Dos dois textos!.)
beijo,
Muito bom o texto e muito bem relembrado.
(Jorge)
Obrigada pelos textos.Para nós é sempre muito importante relembrar e quem sabe com isso algumas consciências acordar .
Bem lembrado Fernando.
Eu, enquanto genro dum Baleizoeiro de gema, e claro, também comunista dos 7 costados, já ouvi a história da Catarina vezes sem conta ... e nunca me farto de ouvi-la !
Grande Catarina Eufémia. Morreste enfrentando corajosamente os esbirros.
Mas da tua morte e da de todos os que morreram lutando, nascerá o novo mundo.
E, com esses exemplos, a luta dos que continuam será mais forte e o NOVO MUNDO surgirá.
Um beijo.
Cantar Alentejano.
Como Baleizoeiro dos sete costados tenho muita honra em ter ser conterrãneo de uma figura como Catarina Eufemea.
Viva Catarina, 25 de Abril SEMPRE
Olha ! querem lá ver que o amigo Bolota ainda é "parênti" do meu sogro !
O melhor homenagem que te fazemos camarada Catarina é prosseguir a luta com a mesma coragem e firmeza que tu tivestes ao enfrentar o monstro erguida de pé.
Eduardo,
Seja como for, já subiste uma mão cheia de lugares na minha consideração só pelo facto de seres genro dum Baleizoeiro. Tens uma sorte que só está reservada aos bons.
Resumido: sou da Aldeia de Baixo, colheita de 51 e pertenço á familia dos Barrelas.
Abraços para ti e para o teu grande sogro que nem sei quem é mas vou saber
ABRAÇOS
Amigo Bolota,
o meu sogro é da Aldeia de Cima, e dá pelo nome António Firmino, é filho do Ti António Infante.
Quanto à colheita, não sei ao certo, mas é para aí dez anos mais velha que a tua ! ehehehe
Aquele abraço
Caro Eduardo,
Os nomes não me são estranhos embora ligar a pessoa ao nome já não é fácil…como deves calcular.
Da aldeia de cima tenho saudades das noites de fogo de artificio por altura das festas da aldeia, já não tenho tantas dos pacotes de leite condensado e queijo flamengo que se recebia numa escola que ficava no largo, tenho saudades da minha professora a Nita Balala que ainda mora no lado direito da rua quando se vem em direcção á casa do povo. Por aqui me fico.
A morte de Catarina, foi um episodio entre muitossssssssssssssssssss o meu pai Domingos Barrelas foi preso duas vezes. Uma por não ter licença de isqueiro e outra por ter uma faca no bolso, mas uma faca daquelas pequenas que qualquer trabalhador rural tinha que ter.
Mas vais perguntar ao teu sogro, se se lembra de um ano de muita fome e eram quase todos em que tudo o que podia andar foi á caça, sem armas, em tempos do defeso. Escusado será dizer que esta movimentação deu pro torto e: á porta do antigo posto da GNR em Baleizão estava um monte de caça que só quem viu o consegue avaliar. Foi chamada a Guarda, deu porrada de criar bicho, um , também ele tenente tentou bater com a espada num esfomeado, ele agarra a espada, parte-a na perna e o bico espetou na perna do Tenente.
Resultado, esse tenente era irmão do director do hospital de Beja. Sabes o que aconteceu ao Baleizoeiros que estavam lá internados??? Foi tudo posto no olho da rua, tivessem a morrer ou não.
A participação do Bolota nesta contenda, limitou-se em a ser agarrado pelo fundilho das calças e ser amandado para o quintal que estava ali mais á mão que por sinal tinha a parede alta como o caraças o que levou o Bolota a apanhar o valente trambolhão.
Eles vão lembrar-se de certeza
Abraços para vocês 3 e até um dia em Baleizao, se clahra na Taberna do João Pires.
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