NEM SEMPRE A MESMA RIMA
Bem couraçado na pele
não sou eu mas aparência
e se me rasgo e me mostro
nem assim sou evidência
Porque os acertos em mim
são cartas de paciência
baralho caído ao chão
levantado sem prudência
Sobre a mesa verde-negra
corre um jogo de demência
passo corto pego e bato
com um parceiro de ausência
Assim jogava e perdia
que perder é uma ciência
a que a gente se habitua
sem temor nem violência
Agora que o vento arrasta
as cartas e os vícios delas
ficaram-me as mãos libertas
é manhã abro as janelas
José Saramago
3 comentários:
A luz clara e deslumbrante da manhã não é propícia a estes jogos... mais calhados para a penumbra e o fumo espesso.
Abraço.
E as manhãs de Sol chegarão e o SOL brilhará de facto para todos nós.
Um beijo.
samuel: não há como a manhã para afastar as sombras...
Um abraço.
Graciete Rietsch: «avante! camarada, avante!«...
Um beijo.
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