POEMA

TENHO A ALMA QUEIMADA...


Tenho a alma queimada
por saliva de sapo
Fingindo que descubro
tapo

A palavra me infecta
sob a pele da aparência
Deito o remédio certo
paciência

Neste mal não se vive
mas também ninguém morre
Quando a ave não voa
corre

Quem às estrelas não chega
pode vê-las da terra
Quem não tem voz de cantar
berra


José Saramago

5 comentários:

samuel disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
samuel disse...

Há sempre alguma forma de contributo possível...

Abraço.

(e não sei porque é que o primeiro comentário se eliminou...) :-)))

Maria disse...

Há alternativa para (quase) tudo...
Não conhecia este poema. Falando de saliva de sapo, sabes quando terá sido escrito?

Um beijo grande.

Graciete Rietsch disse...

Mesmo engolindo sapos,todos os dias, havemos de chegar ao momento em que o grito se transforme em canto e a ave possa voar.

Um beijo.

Fernando Samuel disse...

samuel: em todos os momentos e sejam quais forem as circunstâncias...
Um abraço.

Maria: foi escrito no tempo da outra senhora...
Um beijo grande.

Graciete Rietsch: e esse momento chegará - e voaremos...
Um beijo.