POEMA

DECLARAÇÃO


Não, não há morte.
Nem esta pedra é morta,
nem morto está o fruto que tombou:
dá-lhes vida o abraço dos meus dedos,
respiram na cadência do meu sangue,
do bafo que os tocou.
Também um dia, quando esta mão secar,
na memória doutra mão perdurará,
como a boca guardará caladamente
o sabor das bocas que beijou.


José Saramago

7 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Muito lindo.
Nunca morrerá o que ou quem tiver sido amado.

Um beijo.

samuel disse...

Não, não há morte.
Nem o que ele escreveu é morto,
nem morto está o homem que o escreveu:
dá-lhes vida o abraço dos nossos olhos... ...

Abraço.

Bolota disse...

O sabor das bocas que beijou.
O sabor das bocas que beijava
Saramago foi um homem que amou
Saramago foi um Poeta que lutava

Maria disse...

Que bonito este poema de Saramago...
As memórias (a memória) tudo guarda.

Um beijo grande.

GR disse...

A memória nunca morre, assim como os poetas, escritores e todos aqueles que nos acompanham com a nossa memória.

Bjs,

GR

Bolota disse...

emenda:

O sabor das bocas que beijou.
O sabor das bocas que beijava
Saramago foi um homem que amou
Saramago foi o Povo que lutava

Fernando Samuel disse...

Graciete Rietsch: exacto.
Um beijo.

samuel: os nossos abraços todos...
Um abraço.

Bolota: bonito.
Um abraço.

Maria: lindíssimo poema.
Um beijo grande.

GR: a memória é a vida...
Um beijo.

Bolota: outra maneira de dizer o mesmo...
Um abraço.