POEMA

SALMO 136


Nem por abandonadas se calavam
as harpas dos salgueiros penduradas.
Se os dedos dos hebreus as não tocavam,
o vento de Sião, nas cordas tensas,
a música da memória repetia.
Mas nesta Babilónia em que vivemos,
na lembrança Sião e no futuro,
até o vento calou a melodia.
Tão rasos consentimos nos pusessem,
mais do que os corpos, as almas e as vontades,
que nem sentimos já o ferro duro,
se do que fomos deixarem as vaidades.

Têm os povos as músicas que merecem.


José Saramago

5 comentários:

Mar Arável disse...

Têm os povos as musicas que merecem

Uma verdade relativa como todas
mas uma verdade

samuel disse...

"Tão rasos consentimos nos pusessem..."

Mas alguns levantaram-se do chão!

Abraço.

Maria disse...

Têm pelo menos as músicas que escolhem...

Um beijo grande.

Graciete Rietsch disse...

Nem todos escolhem as mesmas músicas e é daí que nasce o futuro.

Saibamos escolhê-las.

Um beijo.

Fernando Samuel disse...

Mar Arável: e se é verdade (mesmo relativa), é para ser dita...
Um abraço.

samuel: e de que maneira!
uM abraço.

Maria: ou que lhes dizem para escolher...
Um beijo grande.

Graciete Rietsch: escolhê-las, cantá-las, tocá-las...
Um beijo.