«SOLDADOS DE CRISTO»

«Soldados de Cristo»: assim eram designados os soldados norte-americanos durante a guerra do Vietname.
Quem assim os designou foi o então arcebispo de Nova Iorque, Cardeal Spellmann - que era o Cerejeira lá do sítio...
O pio arcebispo via nos brutais bombardeamentos sobre as populações; nas bombas de napalm lançadas sobre escolas, hospitais e povoações; nos hediondos massacres praticados, via em tudo isso expressões perfeitas da pureza da fé cristã...
E a verdade é que as palavras de Spellmann, o seu estímulo à barbárie, a sua visão das coisas, perduraram nas forças armadas dos EUA, sendo uma realidade nos dias de hoje.

Como é sabido, os «soldados de Cristo» nunca lutaram no seu país, que jamais foi invadido fosse por quem fosse: todas as guerras em que participaram ocorreram a milhares de quilómetros de distância das suas terras, das suas casas, das suas famílias - o que, certamente, pesa muito na maneira com fazem a guerra...
Tanto mais quanto as guerras em que participaram foram, regra geral, guerras de ocupação - e, por isso mesmo, muito mais propícias à aplicação dos conselhos cristãos de Spellmann...

Conselhos que eles têm seguido, por vezes com requintes de cristandade spellmanniana.
Recordo, só a título de um-exemplo-um, o ocorrido na estrada Kweit/Bassorá, quando da primeira guerra do Iraque, em 1991: soldados iraquianos, que já se haviam rendido, foram enterrados vivos no deserto pelos «soldados de Cristo»...

Mas a história está cheia de exemplos da aplicação das piedosas práticas destes cristianíssimos exemplares...
Aqui fica a última que me chegou:
O Washington Post, citado pelo Público, informa que um grupo de soldados norte-americanos que combateu no Afeganistão foi acusado de «matar civis por desporto».
Em Dezembro do ano passado, esses «soldados de Cristo», por divertimento, formaram aquilo a que, apropriadamente, chamaram «equipa de matança»...
E mataram, por divertimento, um número ainda indeterminado de pessoas - civis, obviamente, porque matar os que combatem de armas na mão é mais difícil, exige coragem e acarreta riscos...

Mas não mataram apenas: depois de matarem homens, mulheres e crianças, os bravos e cristianíssimos soldados «desmembravam os cadáveres e guardavam ossos das vítimas como recordação» - e para que os seus feitos heróicos ficassem gravados para a história, registavam-nos em fotografias...

Digam lá: estes heróis são ou não são verdadeiros «soldados de Cristo»?

14 comentários:

samuel disse...

Não têm perdão... porque sabemos o que fazem!

Abraço.

Mário disse...

depois aparecem combalidos, nos meios, queixando-se pela falta de apoio aos ex-combatentes... o curioso é que nestes casos não se apliquem as regras que propugnam os seus amos: se forem feridos em combate, poderiamos entender aí uma falta de capacidade para o desempenho das funções, que poderia até dar lugar a abandoná-los lá, onde seguramente os ajudariam.


Entre a falta de emprego, a formatação, a constatação de impunidade na haya, a droga e a possibilidade de serem vistos como heróis se sairem bem, com toda a consideração social que obtêm quando voltam à sua terra (não como os emigrantes, que, mesmo morrendo e sofrendo o que ninguém imagina, não voltam ao seu país por uma assunção errónea de valores, com medo de serem considerados falhados, quando, se houvera lugar à falha seria logo à partida), estes desgraçados são máquinas, que, como tal, obedecem e, quando assim não, por vezes reagem como um computador com virus, em terra alheia.

Abraço

João Henrique disse...

«Soldados de Cristo» e da barbárie é o que eles são.

Um abraço.

Graciete Rietsch disse...

Eu sei que é verdade, mas não posso deixar de perguntar a mim mesma "como é possível?"

E é esse país o baluarte da liberdade e da democracia.
E pergunto de novo "como é possível?"

Um beijo.

Antuã disse...

Soldados do Cristo de Constantino mas não de Jesus. Este já foi crucificado milhares de vezes desde há séculos.

svasconcelos disse...

Tanta atrocidade e tanta impunidade... assassinos em nome da pátria e de deus, quais cruzados do nosso tempo.Uns bárbaros!
Não há perdão.
Beijo,

trepadeira disse...

Esse espécime,resultado de alguma experiência laboratorial mal sucedida,limita-se a repetir o tal abade do Sul da Gália na cruzada contra os Cátaros-"matai-os a todos deus reconhecerá os dele".
Todos eram mulheres,homens e crianças fossem ou não cátaros.
É a peidade.
Um abraço,
mário

Op! disse...

Houve uma altura em que Portugal teve dois exércitos: A guarda imperial (militares a tempo inteiro, vidas dedicadas à pátria) e uma milícia popular e informal maioritariamente campesina que combatia geralmente quando a agricultura não rendia (subentende-se mercenários).

Eis que Napoleão chega a Portugal e el'Rei foge para o Brasil com a s
toda a corte. Acontece aí algo inesperado, a guarda imperial (portuguesa) rende-se e JUNTA-SE AO EXERCITO INVASOR OCUPANDO A VANGUARDA DA INVASÃO AO PAÍS QUE JURARÃO PROTEGER E FAZENDO PARTE DOS MASSACRES CONTRA A POPULAÇÃO PORTUGUESA. Quanto ao exercito que defendeu o nosso país, foi a milícia mercenária que o fez sem exigir um tusto.
Enfim... a tropa do império...

Mário C disse...

Isto revolta-me tanto que nem consigo pensar em palavras para dizer o que acho.

Formiga disse...

Estes homens, se isto podemos chamar, são produto de um sistema, que não olha a meios para atingir os seus fins...
Utilizam a guerra como fonte de rendimento de muitos interesses económicos, selvagens...
Depois utilizam uns individuos sem consciência, se a tivessem não voluntariavam-se a troco de migalhas para serem os paus mandados neste circuito da guerra em troca por fortunas para meia duzia, para praticarem a guerra e matança de pessoas que o seu único crime é não quererem fazer parte de determinado sistema.
Estes individuos por alguma moral que tenham antes de irem para estas guerras, face ao que lhes é imposto rapidamente tornam-se em animais, e nunca mais deixarão esse patamar de consciência...

Anjos disse...

"Soldados de Cristo"?

Se por acaso houve algum presidente/chefe militar com o nome Cristo, então eles são na realidade soldados de cristo.
Caso contrário, são, isso sim, "Soldados do Diabo" (Spellmann,...)

Cristo (o Nazareno/Joshua/o Messias)esse...continua a ser "crucificado" em cada uma das vítimas desta barbárie!

GR disse...

Revolta-me
os americanos,
as injustas guerras feitas pelos americanos,
os soldados americanos,
Revolta-me
cristo, Spellmann e o governo americano!
Abaixo os hediondos EUA!

Bjs,

GR

Maria disse...

Engulo em seco com este horror.
E fico sem palavras.

Um beijo grande.

Nelson Ricardo disse...

Matanças "por divertimento" faz parte da actividade belicista. Agora reparem que os EUA têm andado de guerra em guerra desde sei lá quando.

Um Abraço.