POEMA

COMBOIO


XX


(A Ilse e o Arménio Losa, de braços abertos, na Estação.)


Cidade de braços que me procuram
e estreitam
nas pedras,
nos cafés,
no passado de neblina
- correm ao meu encontro
os vivos e os mortos,
sobretudo os mortos,
mortalhas de granito,
31 de Janeiro,
o meu pai ainda criança
a fugir do Barredo
já com os olhos de transformar o mundo
diante da morte do Primeiro Sonho
nas barricadas do nevoeiro
com fúria e fel.

Agora chove
na cidade dos braços que me procuram
e teimam em trazer-me o sol
com outra pele.


José Gomes Ferreira

3 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Os braços dos que se foram e dos que ainda cá estão e de todos os que forem vindo, continuam abertos para recolher o Sol cantado por José Gomes Ferreira.

Um beijo.

GR disse...

Grande trio!
Ilse Losa grande escritora, Arménio Losa que vestiu a cidade Invicta com a sua bela arquitectura e o Poeta Militante, a cidade abraça(va) carinhosamente estes três grandes intelectuais e companheiros de luta.

Bjs,

GR

samuel disse...

No meio da tempestade, a beleza tremenda de um momento...

Abraço.