SOBRE O ORÇAMENTO DE ESTADO

Prossegue a representação teatral dos partidos da política de direita - PS, PSD e CDS/PP - em torno do Orçamento de Estado.
Lendo-os ou ouvindo-os, o cidadão distraído - e que, por distracção, votará num deles... - julga estar perante uma intensa batalha política travada entre inimigos irreconciliáveis, cada um batendo-se por um projecto distinto e antagónico em relação aos restantes, todos capazes de tudo para defender «o interesse nacional»...
No entanto, se o cidadão distraído quiser deixar de o ser e puxar um pouco pela memória, lembrar-se-á que é assim todos os anos e que esta farsa já dura há 34 anos;
lembrar-se-á, também, que eles - os inimigos irreconciliáveis... - todos os anos têm aprovado o OE;
e concluirá, finalmente e sem receio de errar, que assim acontecerá também este ano.
(e se deixar mesmo de ser distraído, o cidadão - atento e lúcido - mudará definitiva e radicalmente o sentido do seu voto nas próximas eleições...)

A coisa é simples:
Tratando-se, como se trata, do Orçamento de Estado da política de direita - ou seja do OE feito à medida dos interesses do grande capital - ele será naturalmente aprovado pelos partidos que politicamente representam os interesses do grande capital.

Porquê, então, esta «guerra» tão assanhada?
Porque é preciso continuar a distrair o cidadão distraído, atá-lo, prendê-lo, amarrá-lo, algemá-lo ao voto no mais do mesmo que é, afinal, o voto no Orçamento de Estado da política de direita - seja qual for o partido de turno no governo.

Ontem, Mário Soares - sempre ele... - apelava ao PS e ao PSD para que chegassem a um acordo sobre o OE.
No seu linguajar embusteiro, o pai da política de direita assegurava que o OE é indispensável para resolver os muitos problemas existentes, «em primeiro lugar os problemas daqueles que estão a passar mal, os que não têm emprego», etc, etc.
E é enquanto chefe da contra-revolução ao serviço do grande capital que avisa: «Não é com manifestações que os problemas se resolvem»...

É claro que Soares sabe que o OE vai ser aprovado.
E sabe que quem o vai aprovar são os mesmos partidos que sempre o têm aprovado, desde que ele, Soares, em 1976, iniciou a política de direita - com os resultados visíveis na situação dramática do País.

E sabe que é com a luta, designadamente com as manifestações, que os problemas se resolvem: os problemas dos trabalhadores, obviamente.

Porque os problemas do grande capital, esses são todos resolvidos pelo Orçamento de Estado que Soares quer que seja aprovado e que os partidos da política de direita irão aprovar.

13 comentários:

João Henrique disse...

MS é o pai do trabalho precário,o pai do fim da reforma agrária,o pai dos recibos verdes, o pai da contra revolução e, nesse sentido é natural que continue do lado do grande capital que é o lugar onde sempre esteve.

Um abraço.

svasconcelos disse...

Tanta discussão e alarido, para o resultado que já prevemos. E vem este grande impostor (também ele um embuste maior dos nossos tempos)sustentar que as manifestações não resolvem nada?! Pois não, as suas inquietações, interesses e políticas congéneres não se resolvem, de facto...
beijo

filipe disse...

Ano após ano, década após década, a música deles confirma a expressão popular: "Vira o disco e toca o mesmo!"
Urge uma verdadeira ruptura democrática, patriótica e de esquerda que "arquive" finalmente esta penosa música fúnebre dos últimos 34 anos, recriando a música alegre (salvo-seja!) e buliçosa de um "Abril, de novo!"
Um abraço.

Crixus disse...

O povo não vai em cantigas e já no dia 29 dará uma prova inequivoca que é com a luta que pode conquistar e defender os seus direitos.

Abraço

Aristides disse...

Isto de deescer avenidas a gritar é muito antiquado. É preciso todos puxarem para o mesmo lado. Salazar também não desdenharia estas palavras.
Grande abraço

samuel disse...

«Não é com manifestações que os problemas se resolvem»

Grande palavra de ordem de Soares... pelo menos, desde a Fonte Luminosa...
Digo eu... mas, realmente, aquela manifestação não foi feita para resolver problemas.

Abraço.

Anjos disse...

Esse "pai" (para não dizer outra coisa...)aparece sempre em cena para ajudar a "distrair" os mais ingénuos.
Mas numa coisa não deixa de ter razão: isto já não muda só com manifestações!
(Profs, foram cerca de 120 mil na última vez... e o resultado??? Escassas migalhas!)
É preciso muito, mas muito mais: uma verdadeira Revolução (que terá de começar na mentalidade de cada cidadão).
...Demorará?

Graciete Rietsch disse...

Amigos apaentemente em luta mas com um obectivo claro, aprovado pelo Sr. Soares, Dar mais força aos interesses obscuros do grande capital e tentar ganhar o máximo com isso através de um arremedo de democracia.

Um beijo.

António disse...

Mário Soares, o pai da política de direita nunca foi socialista (meteu o socialismo na gaveta). Foi também o pai da contra-revolução. Os actuais dirigentes do PS: No (des)governo, na Assembleia da República e nas Autarquias, nunca foram, não são e nunca serão socialistas. MS sempre propagandeou o socialismo democrático (in-Mário Soares vs Álvaro Cunhal). Foi ele o responsável pelos contratos a prazo, recibos verdes e com António Barreto acabou com a Reforma Agrária - a maior conquista da Revolução de Abril. E ainda tem o descaramento de andar por aí dizer disparates. Como diz o Povo: quem não tem vergonha, todo o mundo é seu! Disse
Um abraço

António Carvalho

Pintassilgo disse...

A mãe de Mário Soares tinha feito um grande bem à Humanidade se o tivesse abortado.

Pintassilgo disse...

A mãe de Mário Soares tinha feito um grande bem à Humanidade se o tivesse abortado.

Graciete Rietsch disse...

Não sei o que se passou com o meu comentário, não se compreende. Mas o que eu queria dizer é que Partidos análogos, aparentemente em luta com o apoio do Sr. Soares, esperam dar ainda mais força ao grande capital, num arremedo de democracia.
Era, mais ou menos, isto.

Um beijo.

duarte disse...

Temos a consciencia que estamos mal . Mas será que temos a consciencias que podemos vir a estar pior?
abraço do vale