POEMA

DOMINGO



Hoje é domingo.
Pela primeira vez, hoje
deixaram-me sair ao sol,
e eu,
pela primeira vez na vida,
espantado de o ver tão longe
tão azul
tão vasto,
imóvel olhei o céu.
A seguir sentei-me na terra, com respeito,
encostei-me à parede branca.
Nesse instante, nada de ideias.
Nesse instante, nem luta, nem liberdade, nem mulher.
A terra, o sol e eu.
Sou feliz.


Nâzim Hikmet

(Poemas da Prisão e do Exílio)

7 comentários:

svasconcelos disse...

Por vezes é o que basta, o sol , a terra e... estarmos vivos.
beijo,

Maria disse...

Preso, mas no pátio a ver o sol. Que sensação deve ser... nem imagino!

Um beijo grande.

samuel disse...

Muito bom... ser capaz de lavar os espírito... para recomeçar tudo.

Abraço.

Nelson Ricardo disse...

Consegue sentir-se a felicidade do poeta por ter sentido esses elementos tão simples como um bálsamo.

Um Abraço.

Fernando Samuel disse...

smvasconcelos: e termos confiança...
Um beijo.

Maria: eu imagino...
Um beijo grande.

samuel: mesmo que a lavagem seja dolorosa...
Um abraço.

Nelson Ricardo: claramente.
Um abraço.

Graciete Rietsch disse...

Às vezes um raio de Sol é a felicidade porque vem iluminar a esperança encarcerada durante tanto tempo.

Um abraço.

Fernando Samuel disse...

Graciete Rietsch: quando a esperança existe dentro de nós, é assim...
Um beijo.