POEMA

INTERVALO (para uma Arte poética)


(O meu filho Raul José foi julgado, absolvido e depois enviado para o Regimento Disciplinar de Penamacor. Viva o silêncio insurrecto!.)


A poesia não é um dialecto
para bocas irreais.
Nem o suor concreto
das palavras banais.

É talvez o sussurro daquele insecto
de que ninguém sabe os sinais.

Silêncio insurrecto.


José Gomes Ferreira


(Interrompo aqui o ciclo de poesia dedicado ao «Poeta Militante». Tratou-se de uma selecção feita a partir dos poemas escritos entre 1931 e 1956. Para uma segunda fase, sem data marcada, ficam... os que faltam.)

5 comentários:

samuel disse...

... e não deve ser "un lujo cultural por los neutrales..."

Belo final de ciclo!

Abraço.

Graciete Rietsch disse...

Este poema faz-me lembrar o poema de Gabriel Celaya "La poesia es un arma cargada de futuro" de que destaco o verso "Nuestros cantares no pueden ser sin pecado un adorno".
É assim José Gomes Ferreira.

Um beijo.

GR disse...

É bom ler a poesia do Poeta Militante, ajuda-nos a reflectir e dá-nos mais força na luta diária.
Até já, Zé Gomes Ferreira!

Bjs,

GR

Maria disse...

'Silêncio insurrecto'. Gosto deste verso.
É bom saber que retomas Zé Gomes um dia destes.

Um beijo grande.

Nelson Ricardo disse...

Gostei muito de conhecer José Gomes Ferreira, um poeta que tomou partido e comprometeu-se por princípios em tempos que se pagava caro por isso. Grande poeta. Grande Homem.

Um Abraço.