COMBOIO
XXXVI
(Regresso a Lisboa no comboio rápido da noite. De repente, a sensação de me encontrar perdido e sozinho no meio dos astros. Angústia. Preciso de ver alguém. Vou puxar o sinal de alarme.)
O comboio saltou dos carris
e esguio de angústia
vai agora em plena solidão de silvos
no voo dos ossos das madrugadas.
Sobe, sobe no céu,
rompe as nuvens,
fura o Tempo,
meu comboio alimentado de carne humana
- braços, pernas, olhos, sexos, corações,
às pàzadas.
José Gomes Ferreira
5 comentários:
A fantasia a cumprir a sua importante tarefa de tudo tirar dos carris... menos a dura realidade.
Abraço.
Como compreendo a angústia de Gomes fFereira por estar vivo rodeado de mortos que tentaram contruir um outo mundo fazendo descarrilar o coombóio em que se viajava numa paz podre.
Um abraço.
Como o Poeta sofre, apesar de fazer belas poesias.
Bjs,
GR
Tremendo, este poema.
Um beijo grande.
Olhando para os carris em que se move e o alimento que o faz funcionar, a única real opção é pôr o comboio fora de curso.
Um Abraço.
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