COMBOIO
XVIII
(Ao compasso de ferro da locomotiva a minha obsessão persiste.)
Um filho preso
excede as razões do frio,
vinagre no Sol,
destino fora da lei
- ó pedras da morta violada
porque gritais?
Um filho preso,
desentendimento com as flores,
cumplicidade dos poços
- e tu, ó pequenina mão de lágrimas,
a embalar meninos de névoa
nos berços desiguais.
Um filho preso,
- lua com algemas,
voo tornado muro.
E toda esta gente à minha roda
a falar, a falar, a falar, a falar.
A apodrecer sombras...
Eh! calai-vos!
- cemitério futuro.
José Gomes Ferreira
4 comentários:
Que actual ainda é hoje a poesia de José Gomes Ferreira. Basta ler os dois últimos versos
"Eh! calai-vos!
-cemitériofuturo."
Um beijo.
A aflição da morte... sem fim.
Abraço.
Este Poeta Militante da vida tem poemas difíceis de comentar! Este é belíssimo.
Um beijo grande.
Graciete Rietsch: a POESIA é sempre actual...
m beijo.
samuel: um filho preso...
Um abraço.
Maria: às vezes, o comentário é... o silêncio...
Um beijo grande.
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