DO OUTRO LADO DOS MÉDIA

É assim todos os anos: o 11 de Setembro de 2001 invade o tempo e o espaço dos média dominantes e transforma-se na «notícia do dia».
Só um exemplo: o Diário de Notícias de hoje dedica 20 páginas ao «dia que ninguém esquece» e em que «morreram quase três mil pessoas»...

É claro que este acto terrorista - pela brutalidade de que se revestiu e pelas consequências trágicas que teve em vidas humanas - não deve nem pode ser esquecido.
Da mesma forma que não devem nem podem ser esquecidos todos os actos terroristas com carácter e consequências semelhantes.

Ora, o que acontece é que os mesmos média que nunca se esquecem do 11 de Setembro de 2001 e das suas vítimas, esquecem-se sempre de todos os 11 de Setembro ocorridos e das suas vítimas.

Será porque, para esses média, a morte de um cidadão norte-americano é mais grave do que a morte de um cidadão de qualquer outro país?
Estou em crer que sim.
Será porque, para esses média, a morte dos 2996 norte-americanos vítimas inocentes do brutal atentado terrorista, é mais grave do que a morte das centenas de milhares de iraquianos, vítimas inocentes do brutal atentado terrorista que foi a invasão e ocupação do Iraque?
Estou em crer que sim.

E será que, para esses média, o atentado terrorista de 11 de Setembro de 2001 - cujas verdadeiras origens continuam por desvendar - é para nunca esquecer, enquanto o golpe fascista de 11 de Setembro de 1973 no Chile - cujas verdadeiras origens estão perfeitamente desvendadas - é para nunca lembrar?
Estou em crer que sim.

Felizmente, do outro lado dos média dominantes, todos os anos há quem recorde o 11 de Setembro de 1973, dia em que um golpe militar fascista, organizado e apoiado pelos EUA, instalou o terror no Chile, com o assassinato de milhares de pessoas.
Lembraram-no, hoje, por exemplo - e tanto quanto me foi dado ver - «O Cheiro da Ilha», o «Cantigueiro» e o «anónimo século xxi».
Para eles, o meu abraço.

10 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Muito bom este post. Bem escrito e corajoso.

Um beijo.

samuel disse...

Abraço recebido.
Temos que ir multiplicando a teimosia em não esquecer...

Abraço.

anónimo do sec. xxi disse...

Abraço recebido e retribuído.

E a todos!

Anjos disse...

Mais um post muito bom.
Ainda bem que há sempre quem lembre o que outros querem fazer cair no esquecimento!
Para que não existam mais datas de tão má memória é, realmente, preciso que muitos mais tenham como lema o pensamento de Sto Agostinho referido pelo Pablo do vídeo do "anónimo século xxi".

um abraço

Maria disse...

Abraço retribuído com um beijo.
Enquanto eu respirar o 11 de Setembro da minha memória é o de 1973. Não deixando de condenar o acto terrorista de 2001 e todos os outros de que falas no post.

Um beijo grande.

Op! disse...

Sobre 11 de Setembro passa-se exactamente o mesmo que com o filme "Pearl Arbor": propaganda americana que passa gratuitamente todos os anos nos média portugueses para nos deixar de lágrimas nos olhos, para nos vendar os olhos, desculpar os crimes dos EUA.

Fernando Samuel disse...

Graciete Rietsch: aos blogues que referi há que acescentar: Dagraciete, O Blogue do Castelo e catarina de Todos Nós (pelo menos...)
Um beijo.

samuel: teimar, teimar sempre...
Um abraço.

anónimo século xxi: abraço grande.

Anjos: mesmo que a voz dos que lembram esses factos não chegue tão longe quanto era necessário...
Um abraço..

Maria: e muito bem.
Um beijo grande.

Membro do Povo: e o pior é que é uma propaganda que influencia milhares... milhões de pessoas.
Um abraço.

o castendo disse...

Acescentar também O Tempo das Cerejas, Politeia e Bons Tempos Hein.
Eu reservo-me para as Zero horas de 13...

Um abraço,

António Vilarigues

Antuã disse...

É necessário lembrar estes crimes horríveis.

duarte disse...

de forma subrepticia lá me lembrei...
abraço.