hoje o alentejo foi ainda mais bonito, ainda que ardente na canícula de dia fervente de agosto! cada quilómetro percorrido ameaçava um abraço de solidariedade que o meu coração de comunista há muito ansiava. mas expliquemos que alegria me estilhaçou o dia, em pensamentos bonitos e acrobatas, para que, quem sabe, ela se torne contagiante... isto que vos conto, isto que lerão, é o materializar da musicalissima - será bach? - com que hoje - faz minutos - cheguei a casa. estas são as letras do meu coração:
sete da manhã, e num pulo de anunciada alegria, saltei da cama e logo um banho rápido - para que alisasse a pele e os olhos da minha feliz insónia! aí estava o dia, o grande dia. em alegria pueril rumei a casa da joaquina, camarada que amo como mãe que me vai faltando neste sul, para que juntos, bebendo um café que nunca mais acabava, esperássemos a alice - a minha linda alice - que haveria de passar vinda de mil fontes. connosco, dois ou três sacos de guloseimas e mimos para alguém que nos aguardava - quem sabe se desde o principio dos tempos?! Dali, beja, hoje como desvio, ficava agora a uma distância inimaginável, mesmo para caminho ampla e vastas vezes percorrido. uma da tarde e finalmente santiago do cacém. minutos depois - terão sido horas na minha ânsia? - e uma porta aberta anunciando um abraço comunista e solidário. Rosell e Cecília, cubanos, recebiam-nos nos braços. rosel, primeiro tímido e logo festivo! cecilia transportando uma alegria mestiça que nunca esquecerei. dois dos quarenta e dois médicos que cuba, CUBA, CUBA, CUBA, enviou rumo à população abandonada do meu alentejo e algarve. e logo risos e lágrimas como se nos conhecessemos desde o principio dos tempos, unidos no sonho de um mundo justo, fraterno e solidário. Lá estavam eles, provando, em gestos e em palavras, aquilo que há muito sabia de CUBA e dos CUBANOS, mas que, como tomé, precisava de ouvir e ver, como que prova provada que são calúnias tudo o que o capitalismo faz da ilha e do povo livre que hoje, neles dois, visitei em pinotes e cambalhotas na minha alegria que nunca consegui conter! lá me falaram da sua gente! do seu sistema de saúde, da sua educação, da sua DEMOCRACIA, da sua vida. fomos, os cinco, íntimos amigos em confidências. das nossas alegrias, das nossas dificuldades. lá os espantámos com as limitações da nossa tão apregoada «democracia»! abriram em espanto as bocas incrédulas quando lhes relatámos dos nossos mais de dois milhões de pobres. dos nossos compatriotas, outros tantos, que estão privados de médico de familia. da elitização da nossa educação. da privatização do serviço nacional de saúde. da nossa carestia de vida e dos salários de fome. Lá nos contaram da sua revolução, do seu governo popular, do povo e ao serviço do povo, dos seus avanços sociais, políticos, culturais, mesmo perante o criminoso bloqueio capitalista! falámos do Ché - que o Rosell trazia na t-shirt com um orgulho arrepiante! - do Fidel, da américa latina, do futuro. Falámos dos nossos baptistas e salazares. contámos dos nossos resistentes, do nosso Partido e dos nossos heróicos clandestinos! comovemo-nos juntos, rimos despregando as bandeiras que alguns querem fazer como raia intransponivel. e o dia passou. marcámos outros encontros. traçámos projectos! partilhámos o sonho. e a certeza que, mais cedo que tarde, todos os povos do mundo - seguindo o exemplo do heróico povo cubano - também um dia tomarão os quarteis e as praças que houver que tomar! também nós, cumprindo ABRIL, espalharemos flores em cada rua onde habitar a memória de cada um dos homens livres que tiver tombado pela liberdade! esse dia chegará. sempre o soube, confirmei-o hoje. obrigado cecilia, rosell, alice e joaquina.
saímos de olhos vermelhos e uma alegria estonteante que embaciava os pararelos da estrada.
passos depois, antes mesmo de olhar sabia-os olhando-me. ergui o punho direito, voltei-me e sorrindo gritei ao mundo: E QUE VIVA CUBA!
VIVA CUBA, gritaram-me, aos mais intimos sentidos.
um dia alentejo, povo do meu país, a reforma agrária sairá portas fora. novamente! connosco, um povo inteiro do lado de lá do atlântico, repetirá o grito: E QUE VIVA PORTUGAL!
foi um dia tão bonito... e deu-me tanta força. mas tanta...
saímos de olhos vermelhos e uma alegria estonteante que embaciava os pararelos da estrada.
passos depois, antes mesmo de olhar sabia-os olhando-me. ergui o punho direito, voltei-me e sorrindo gritei ao mundo: E QUE VIVA CUBA!
VIVA CUBA, gritaram-me, aos mais intimos sentidos.
um dia alentejo, povo do meu país, a reforma agrária sairá portas fora. novamente! connosco, um povo inteiro do lado de lá do atlântico, repetirá o grito: E QUE VIVA PORTUGAL!
foi um dia tão bonito... e deu-me tanta força. mas tanta...
9 comentários:
Camarada não sei se foi maior o teu juvenil ou o meu maduro entusiasmo, não sei se o foi maior a tua ou a minha emoção, o que sei é que é mesmo muito bom este partilhar, este não nos sentirmos sós neste mundo, lutando contra um feroz inimigo. Obrigado António mais uma vez, por este sentir.
Vou levar estas palavras comigo para um canto onde julgo estarem tão bem quanto aqui, porque elas vêem na continuidade de um outro post já lá postado. Obrigado
Os cubanos podem ter esse "efeito", sim.
Digo eu... :-)))
Agora falta é ver Cuba...
Abraço.
Não foi Cuba que "enviou". Eles foram contratados pelo Estado Português, com a devida concordância do Estado Cubano, que irá ser naturalmente financeiramente compensado por isso. Ou seja, é apenas um contrato. Nada mais. E prefiro mil vezes a democracia portuguesa do que "democracia" cubana. A liberdade não tem preço.
Resposta ao «ANÓNIMO».
Sim.A Liberdade não tem preço... Daí os patriotas cubanos terem a consciência de que Cuba não é o quintal dos imperialistas dos USA!
É tudo uma questão de conceitos em conformidade com as realidades concretas.
O acesso e a fruição da Educação , Saúde ,Habitação e Cultura é, de facto,razão para considerar a Democracia Cubana mais substancial apesar de ter a honra de ser português e lutar pelo Socialismo científico para Portugal.
Boa Noite!
J.C.
Pueril é a palavra chave... Só pode :D Venha a verdadeira Democracia de Cuba para Portugal, e a vida de Cuba para Portugal que ficamos bem. Como já estamos bem servidoé mesmo isso que nos fazia falta... Vamos por o Povo ao serviço do Povo, porque sim, o povo português é do mais capaz para se governar que há por ai. Dariamos pinotes e cambalhotas de alegria se fossemos governados por um regime comunista como o de Cuba nesta altura. Força Camarada...
E a força que o teu texto nos dá, António, neste teu dia tão bonito...
Um beijo
E VIVA CUBA!
Um abraço.
"Dariamos pinotes e cambalhotas de alegria se fossemos governados por um regime comunista como o de Cuba nesta altura". Mas por acaso os portugueses fizeram mal a alguém? Já não chegaram 48 anos de ditadura?
António,
É contagiante a tua alegria.
Emociona-me ler-te. As tuas palavras, os teus sentimentos, o teu olhar cheio de futuro.
Viva Cuba!
Um Grande BJ
GR
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