POEMA

UM DIA...


Um dia eu vou fazer um romance
com as histórias da minha rua
antes de se chamar Silva Porto
e os pretos irem embora.
Vai entrar a lua e meninos sem cor,
a Domingas quitata, o sô Floriano do talho,
com muita mistura de amor
e muito suor de trabalho.
Vou meter as cabras e os cães vadios da velha Espanhola,
os batuques da Cidrália e dos Invejados,
os batalhões do «Treze» e do «Setenta e Quatro»,
o bêbado Rebocho, o velho Salambió,
a Joana Maluca da garotada.
cajueiros, cubatas, lixeiras,
capim e piteiras,
e mesmo no fim da história,
quando os homens estão desesperados
e as fardas passam em fila,
acendo um sol de Fevereiro,
semeio algumas esperanças
e parto com o meu veleiro
a dar uma volta ao mundo!


António Cardoso

6 comentários:

samuel disse...

Este "romance" é já um mundo...

Abraço.

Maria disse...

Tão bonito...

Um beijo grande

Justine disse...

Tanta nostalgia! Que belo...

Fernando Samuel disse...

samuel: está lá tudo...
Um abraço.

Maria: mais do que isso, até...
Um beijo grande.

Justine: uma muito especial relembrança da infância...
Um beijo.

Anónimo disse...

Pois, um dia...
Abraço

Fernando Samuel disse...

Ludo Rex:--- que chegará...

Um abraço.