POEMA

(Lápide.)


Mozart morreu. E no meio da tempestade
de neve e abandono,
dois gatos-pingados
de rendas de luto
e vénias de minuete
lançaram o caixão
na vala comum,
a assobiar.

Todo o planeta
passou a ser a cova viva de Mozart.


José Gomes Ferreira

5 comentários:

samuel disse...

Nem pesadas lápides, com pesadas letras, prenderiam aquele génio... quanto mais uma vala comum!

Abraço.

Maria disse...

Ler aqui é tão 'mais' diferente do que ler no livro... tem outra força!

Um beijo grande

Justine disse...

Um encanto. Estou a re-descobrir JGF com a tua orientação...

Fernando Samuel disse...

samuel: por isso o planeta é a sua cova viva...
Um abraço.

Maria: às vezes é assim...
Um beijo grande.

Justine: desta série publicarei mais dois poemas. Depois... logo se vê...
Um beijo.

Ana Camarra disse...

Por esse ele continua vivo!
Vibrante, moderno.
Os génios~nunca morrem!

beijo GRANDE