POEMA

(Primeiro intervalo no Teatro de S. Carlos.
Sorrimos uns para os outros.
«Então como está?» «Há muito que não o via!»...
Musgo. Teias de aranha nos ouvidos. Fascismo de smoking.
Passo pelos corredores escondido atrás de mim mesmo.)


Disseram-lhes
que estavam vivos
por disciplina de cemitério.

E todos acreditaram
já com os pés em ângulos rectos.

Mas vivos que são?
Mortos incompletos.


José Gomes Ferreira

7 comentários:

Mar Arável disse...

incompletos

mortos

adiados

samuel disse...

"Passo pelos corredores escondido atrás de mim mesmo."

Ele há coisas...

Abraço.

Maria disse...

Quanta lucidez...

Um beijo. Grande.

CRN disse...

Vamos lá libertar-nos!

A luta continua!

Fernando Samuel disse...

mar arável:... apodrecidos...
Um abraço.

samuel: coisas espantosas...
Um abraço.

Maria: Um beijo grande.

CRN: essa é a grande certeza.
Um abraço.

GR disse...

Só o Zé Gomes Ferreira consegue fazer uma forte crítica política, cheia de poesia.

bjs,

GR

Fernando Samuel disse...

GR: é essa a sua ARTE.
Um beijo.