POEMA

SALMO 57


Senhores defensores da Ordem e da Lei:
porventura o vosso direito não é de classe?
o Civil para proteger a propriedade privada
o Penal para aplicá-lo às classes dominadas

A liberdade de que falais é a do capital
o vosso «mundo livre» é a livre exploração
vossa lei é a das armas, vossa ordem a dos gorilas
vossa é a polícia
são vosso os juízes
Na prisão não há latifundiários nem banqueiros

Extraviam-se os burgueses já no seio materno
têm preconceitos de classe desde que nasceram
como a cascavel nasce com venenosas glândulas
como nasce o tubarão devorador de gente

Oh Deus acaba com o statu quo
arranca os colmilhos aos oligarcas
que se precipitem como a água dos autoclismos
e sequem como as ervas sob o herbicida

Eles são os «gusanos» quando chega a Revolução
não são células do corpo mas somente micróbios
abortos do homem novo que é preciso atirar
Antes que lancem espinhos que o tractor os arranque
o povo irá divertir-se nos clubes privativos
entrará na posse das empresas privadas
O justo há-de alegrar-se com os Tribunais do Povo
Festejaremos em grandes praças o aniversário da Revolução

O Deus que existe é o dos proletários


Ernesto Cardenal


3 comentários:

GR disse...

Gostei, não conhecia.

"somente micróbios" na verdade nada mais são que micróbios.

Havemos de os vencer!


BJS,

GR

Maria disse...

Li este poema com imagens de Havana de noite à minha frente.
É claro que tive de o ler três vezes. E são de facto micróbios do homem novo. E festejaremos em grandes praças (como a Praça da Revolução) o aniversário da Revolução!

Um beijo grande, cheia de saudades daquele povo e daquela terra!

Anónimo disse...

Esta gaja é burra ou está a precisar de mudar de lentes? Teve de ler 3 (três) 3 vezes?! Caramba.