POEMA

MASSA


No final da batalha,
e morto o combatente, aproximou-se dele um homem
e disse-lhe: «Não morras, amo-te tanto!»
Mas o cadáver, ai!, continuou a morrer.

Aproximaram-se dele dois e repetiram-lhe:
«Não nos deixes! Coragem! Volta à vida!»
Mas o cadáver, ai!, continuou a morrer.

Acudiram-lhe vinte, cem, mil, quinhentos mil,
clamando: «Tanto amor, e não poder nada contra a morte!»
Mas o cadáver, ai!, continuou a morrer.

Milhões de indivíduos o rodearam,
num pedido comum: «Não nos deixes, irmão!»
Mas o cadáver, ai!, continuou a morrer.

Então, todo os homens que há na terra
o rodearam; viu-os o cadáver triste, emocionado;
soergueu-se lentamente,
abraçou o primeiro homem. E começou a andar...


César Vallejo


4 comentários:

Maria disse...

Que maravilha!
Hoje o Cravo de Abril é só emoção...

Um beijo grande.

Justine disse...

A força dos homens unidos!

svasconcelos disse...

Tão bonito!!! Um beijo,

Fernando Samuel disse...

Maria: um beijo grande.

Justine: é uma força imparável.
Um beijo.

svasconcelos: Um beijo.