POEMA

DATA


Tempo de solidão e de incerteza
Tempo de medo e tempo de traição
Tempo de injustiça e de vileza
Tempo de negação

Tempo de covardia e tempo de ira
Tempo de mascarada e de mentira
Tempo de escravidão

Tempo dos coniventes sem cadastro
Tempo de silêncio e de mordaça
Tempo onde o sangue não tem rasto
Tempo de ameaça


Sophia de Mello Breyner Andresen

4 comentários:

Maria disse...

Tempo que mata quem o denuncia...
;)

É este o nosso tempo, ou o tempo que é nosso.

Um beijo grande.

samuel disse...

E estes "ciclos" que vão repetindo inexoravelmente a actualidade dos poemas...

Abraço.

Graciete Rietsch disse...

E tempo de resistência que é também o nosso.

Um beijo.

Fernando Samuel disse...

Maria. mas outros tempos virão...
Um beijo grande.

samuel: até que estes poemas passem a pertencer aos tempos passados...
Um abraço.

Graciete Rietsch: de facto, no poema da Sophia falta esse tempo de resistência e de luta.
Um beijo.