POEMA

SOLIDARIEDADE


Vamos, dêem as mãos.

Porquê esse ar de desconfiança?
esse medo, essa raiva?
Porquê essa imensa barreira
entre o EU e o NÓS na natural conjugação do verbo ser?

Vamos, dêem as mãos.

Para quê esses bons-dias, boas-noites,
se é um grunhido apenas e não uma saudação?
Para quê esse sorriso
se é um simples contrair de pele e nada mais?

Vamos, dêem as mãos.

Já que a nossa amargura é a mesma amargura,
já que a miséria para nós tem as mesmas sete letras,
já que o sangrar dos nossos corpos é o vergão da mesma chicotada,
fiquemos juntos,
sejamos juntos.

Porquê esse ar de eterna desconfiança?
esse medo, essa raiva?

Vamos, dêem as mãos.


Mário Dionísio

7 comentários:

Justine disse...

Ah, se todos nós obedecêsemos ao poeta!

samuel disse...

Esse é um caminho que já deveria ter sido feito por muitos milhões...

Abraço.

Anónimo disse...

as mãos estão cerradas... são punhos de ira!
anónimamente eu

svasconcelos disse...

Magnifíco, este poema. Mais um que vou partilhar.
Um beijo,

Maria disse...

"Sejamos juntos"!!!
Só assim será possível...
Belo poema!

Um beijo grande para ti.

Anónimo disse...

Obrigado, colectivo "Cravo de Abril".

(Jorge)

Graciete Rietsch disse...

Faz-me lembrar a Heroica de Lopes Graça "Amor já se aproxima a hora
De darmos as mãos e bailar"
...........................

Um beijo