«Derrotando-se o putsch do 11 de Março, assegurou-se a realização de eleições para a Assembleia Constituinte marcadas para 25 de Abril, eleições que o putsch, se vitorioso, teria anulado.
Logo depois da derrota, Soares e o PS negaram qualquer envolvimento no golpe, condenaram o golpe derrotado, fingiram desejar a unidade com o PCP. Apresentavam-se mesmo como aqueles que teriam sido violentamente reprimidos se o golpe tivesse vencido. Uma grande farsa que, em termos de opinião pública, os desresponsabilizava.
(...) Vencedor das eleições, o PS considerou que já não era necessário, como vinha fazendo desde a derrota do golpe, "aguentar", "falar ao gosto do momento", "inserir-se na corrente", como vinte anos mais tarde, viria a explicar. (1)
Tirando a máscara, o PS lançou-se no caminho aberto das provocações que passaram a ser uma arma importante da nova ofensiva da contra-revolução.
Planeadas, planificadas, difundidas, em Portugal e no mundo, por gigantescas operações publicitárias, passaram a ser apresentadas como "provas" de que o PCP, com elementos seus no MFA, estava liquidando as liberdades fundamentais, ameaçando a existência de outros partidos.
Proclamando que o PCP considerava o PS "o seu inimigo principal", o PS apontava o PCP, não só como o principal inimigo do PS, mas inimigo da liberdade, da democracia, do povo, do país.
Em aliança com o PPD e o CDS e com activas cumplicidades de grupos esquerdistas, o PS pôs imediatamente em causa a continuação do IV Governo, renovou e deu nova violência às mentiras e calúnias primárias contra o PCP, o Primeiro-Ministro Vasco Gonçalves e os militares revolucionários.
Decorrida apenas uma semana após as eleições para a Assembleia Constituinte, o PS lançou, com Mário Soares à frente, uma primeira provocação de vulto: a provocação no comício do 1º de Maio no estádio do mesmo nome, em Lisboa.
Logo se sucederam outras. O chamado caso República lançado a 19 de Maio e arrastado durante meses e a "manifestação e contra-manifestação junto ao Patriarcado" em 18 de Junho, com os "católicos" obrigados a refugiar-se no Patriarcado e a terem de ser evacuados em carros militares. A primeira destas últimas directamente organizada pelo PS, a segunda tendo como principais e visíveis operacionais grupos esquerdistas».
Álvaro Cunhal - A Verdade e a Mentira na Revolução de Abril (a contra-revolução confessa-se)
(1) Soares explicou assim, em entrevista a Maria João Avilez, o facto de, tendo estado ligado ao golpe do 11 de Março, ter vindo, logo que o golpe foi derrotado, participar na manifestação popular que festejava a derrota dos golpistas: «Falei ao gosto do momento, admito-o: era necessário aguentar e inserirmo-nos na corrente»...
18 comentários:
Soares liquidou ABRIL.
Não merece um mínimo de credibilidade.Foi o coveiro dos ideais de ABRIL.
Um beijo.
Este livro deveria ser de leitura obrigatória - como os estatutos e o programa do partido que tomamos -, bem com O Partido com paredes de vidro.
Há tanto que estudar, que aprender!, não para ficar a saber mais mas para poder fazer (que fazer?) melhor.
Um grande abraço
E depois ainda há pessoas "sensíveis" que ficam enxofradas quando se diz ou se escreve que o indivíduo em causa não passa de um canalha!...
Abraço.
Mas quem será ?
Mas quem será ?
Mas quem será, o pai da criança ?
p.s.
onde está criança, leia-se derrocada do Portugal verdadeiramente democrático e capaz de ser projectar no futuro.
A memória curta de alguns: já se esqueceram que recebendo ordens de um grande intelectual, votaram de olhos fechados no Soares para combaterem o fascismo e defenderem - diziam - a democracia.
Mas anónimo das 12:15, não confunda um processo que é o 11 de Março de 1975, com as eleições para a presidência da república, 10 anos depois. Isto é elementar. Será necessário, quanto antes, o anónimo repensar o processo histórico e não o baralhar ou confundir.
O livro de Álvaro Cunhal é uma tese brilhante. Recomendo-a ao anónimo das 12:15 e a todos os baralhados e confundidos do sistema, pois vale sempre a pena ler Álvaro Cunhal.
(Jorge)
A opinião de Jorge é uma opinião pessoal na qual não me intrometo. Quanto ao 11 de Março, ele também não teve nada a ver com as eleições de Mário Soares, até porque muito antes o militar de carreira Ramalho Eanes foi eleito por 10 anos. Só depois, é que apareceu o camafeu Soares a fazer frente ao conservador Freitas. Quem confunde o 11 de Março com Soares é o jorge, não sou eu.
Porque é que o Anónimo das 12.15 não vai fazer ginástica nos cornos do pai?
A mãezinha do Soares bem o podia ter abortado.
Felizmente o meu pai não tem cornos e espero que o pai do Zé Canhão também não os tenha. Quanto à pessoa do Zé Canhão o apelido diz tudo.
Fernando Samuel
Sabia algumas coisas deste FDP mas desconhecia o que aparece neste texto (culpa minha). Nunca tive sequer duvidas da qualidade desta merd. . Mas agora os "xuxialistas" têm outro muito jeitoso a PM (da mesma qualidade e procedência) que falou? na AR contra a moção do BE, tentando atingir o PCP com as suas "graçolas de rosinha" mas no dia a seguir vem apregoar para a CS mais roubos a efectuar contra os mesmos de sempre (trabalhadores e reformados) com o apoio da gelatina andante que diz perceber de finanças. Ricas bestas que só sabem lixar os pobres e os trabalhadores. Esperemos que estes não lhes façam o mesmo que eles têm andado a fazer ao Kadafi.
Vitor sarilhos
Mário Soares
o carrasco de Abril
ficará na história
como o grande tartufo
O homenzinho que se dá pelo nome de Mário Alberto Nobre Lopes Soares ainda vai ser canonizado.
O Marocas já há muitos anos que foi canonizado como Presidente da República graças aos préstimos preciosos do PCP sem ter recebido nada em troca. A isto chama-se "agir por amor"...
Zé Canhão, recebe um abraço pela mensagem que deixaste, porque me fez rir às gargalhadas. O dito anónimo das 12:15 confunde e baralha tudo e até já diz que eu confundo «bochechas» com 11 de Março. Enfim, palavras para quê? É um bom artista português.
Mas vá que eu não vou, sem dizer mais qualquer coisa acerca deste belo livro que dá pelo nome de "A Verdade e a Mentira na Revolução de Abril (a contra-revolução confessa-se)".
Se alguém, neste momento, trabalha em alguma tese de mestrado ou doutoramento, deve ler o livro de Álvaro Cunhal, devido à estrutura do documento. Todos os factos são reais e tudo aquilo que está escrito é o processo histórico, tal como foi vivido.
Aí está um grande livro que também acaba por ser uma excelente companhia. Algo a não perder.
(Jorge)
Se eu sou um bom artista português o Jorge, não é de facto artista em nada, mas não deixa de ser um grande palhaço pobre que dá pena por ser tão triste...
Ainda aqui, ó anónimo das 20:29? Vê-se que gosta mesmo do «Cravo de Abril». Ó homem, se o Jorge é triste por ler o livro do Álvaro Cunhal, então você, ó anónimo, é uma autêntico papuço.
Como eu gostava que um dia, UM DIA, se pudesse escrever sobre TUDO o que este trafulha fez... se revelasse a verdade do seu trajecto político desde que deixou (!!!!!!) o PCP!
Um beijo grande.
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