MASSA
No final da batalha,
e morto o combatente, aproximou-se dele um homem
e disse-lhe: «Não morras, amo-te tanto!
Mas o cadáver, ai!, continuou a morrer.
Aproximaram-se dele dois e repetiram-lhe:
«Não nos deixes! Coragem! Volta à vida!»
Mas o cadáver, ai!, continuou a morrer.
Acudiram-lhe vinte, cem, mil, quinhentos mil,
clamando: «Tanto amor, e não poder nada contra a morte!»
Mas o cadáver, ai!, continuou a morrer.
Milhões de indivíduos o rodearam,
num pedido comum: «Não nos deixes, irmão!»
Mas o cadáver, ai!, continuou a morrer.
Então, todos os homens que há na terra
o rodearam; viu-os o cadáver, triste, emocionado;
soergueu-se lentamente,
abraçou o primeiro homem. E começou a andar...
César Vallejo
3 comentários:
É a esperamça que vive, porque os Homens continuam a luta, mesmo quando os pensam submetidos.
Um beijo.
Sim, terão que ser todos... ou pelo menos uma esmagadora maioria.
Abraço.
Que força! E que arrepio...
Um beijo grande.
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