POEMA

HOMENAGEM AO POVO DO CHILE


Foram não sei quantos mil
operários trabalhadores
mulheres ardinas pedreiros
jovens poetas cantores
camponeses e mineiros
foram não sei quantos mil
que tombaram pelo Chile
morrendo de corpo inteiro.

Nas suas almas abertas
traziam o sol da esperança
e nas duas mãos desertas
uma pátria ainda criança.

Gritavam Neruda Allende
davam vivas ao Partido
que é a chama que se acende
no povo jamais vencido.
- o povo nunca se rende
mesmo quando morre unido.

Foram não sei quantos mil
operários trabalhadores
mulheres ardinas pedreiros
jovens poetas cantores
camponeses e mineiros
foram não sei quantos mil
que tombaram pelo Chile
morrendo de corpo inteiro.

Alguns traziam no rosto
um rictus de fogo e dor
fogo vivo fogo posto
pelas mãos do opressor.
Outros traziam os olhos
rasos de silêncio e água
maré-viva de quem passa
uma vida à beira-mágoa.

Foram não sei quantos mil
operários trabalhadores
mulheres ardinas pedreiros
jovens poetas cantores
camponeses e mineiros
foram não sei quantos mil
que tombaram pelo Chile
morrendo de corpo inteiro.

Mas não termina em si próprio
quem morre de pé. Vencido
é aquele que tentar
separar o povo unido.
Por isso os que ontem caíram
levantam de novo a voz.
Mortos são os que traíram
e vivos ficamos nós.

Foram não sei quantos mil
operários trabalhadores
mulheres ardinas pedreiros
jovens poetas cantores
camponeses e mineiros
foram não sei quantos mil
que nasceram para o Chile
morrendo de corpo inteiro.


José Carlos Ary dos Santos

4 comentários:

samuel disse...

Ficaste por cá... mas tão bem acompanhado!

Abraço.

Graciete Rietsch disse...

Quantos morrerão ainda às ordens do"salvador do mundo"?

Um beijo.

Maria disse...

Um poema Maior de um poeta Maior, e que me arrepia sempre que o leio.

Um beijo grande.

Fernando Samuel disse...

samuel: excelente companhia...
Um abraço.

Graciete Rietsch: muitos, muitos, muitos...
Um beijo.

Maria: o Poeta da Revolução.
Um beijo grande.