Os jornais, satisfeitos - satisfeitíssimos! - dão notícia de uma «sondagem internacional» feita pela empresa Transatlantic Trends segundo a qual «73% dos cidadãos da União Europeia querem os EUA como líder forte do mundo» e «apoiam Obama na luta contra o terrorismo»...
De acordo com a mesma sondagem, a percentagem, em Portugal, atinge os 81%, o que faz com que os portugueses ocupem o primeiro lugar europeu no apreço pelos EUA e pela actividade anti-terrorista de Obama... -
Assim, se já estávamos no «pelotão da frente» em matéria de salários baixos, de impostos altos, de desigualdades sociais, etc, etc, com este resultado reforçamos a nossa posição de líderes nessas coisas todas que revelam o estado desgraçado a que o nosso País chegou.
Os resultados obtidos por esta sondagem não surpreendem: surpresa seria um resultado de sentido oposto, isto é, um resultado que evidenciasse, por parte da generalidade dos portugueses, um conhecimento profundo sobre o tema da sondagem.
Na verdade, que outro (des)conhecimento que não este se poderia esperar de pessoas que todos os dias, a todas as horas, em todas as televisões, rádios e jornais, são exaustivamente (des)informadas sobre as bondades dos EUA como «líderes do mundo» e como campeões da «luta contra o terrorismo»?...
Já lá dizia o outro, há 70 anos, que uma mentira muitas vezes repetida transforma-se em verdade... com a agravante de as repetições das mentiras terem, hoje, uma dimensão, um volume e um alcance muitíssimo maior, já que, nos tempos actuais, aqui na Europa, por exemplo, contam-se pelos dedos de uma só mão os média que, combatendo a desinformação organizada reinante, informam.
E, se todos os dias, a todas as horas e pelas mais diversas formas, todas as televisões, rádios e jornais garantem a milhões de pessoas as bondades anti-terroristas dos EUA, é óbvio que a esses milhões de pessoas nada mais resta senão acreditar... porque... «eles disseram, que eu bem ouvi...» - e não lhes passa pela cabeça a ideia de que, ao contrário do que bem ouviram, os EUA são, de facto, o maior e mais organizado centro de terrorismo de estado do mundo e são, de facto, os responsáveis, directos e indirectos, pelos mais brutais e sangrentos actos terroristas verificados.
Por isso essas pessoas responderam o que responderam à sondagem.
Por isso, os resultados, agora amplamente divulgados, vão chegar a todas essas pessoas e cimentar nelas ainda com mais força a ideia de que estavam certas quando responderam errado.
E é, no essencial, graças à mentira muitas vezes repetida que, em relação ao que se passa por cá, essas mesmas pessoas acreditam em tudo o que lhes dizem, todos os dias e a todas as horas, as mesmas televisões, as mesmas rádios e os mesmos jornais:
«os sacrifícios são inevitáveis»; «a subida dos impostos é inevitável», «o roubo no 13º mês é inevitável», «o desemprego é inevitável», «os salários ainda mais baixos são inevitáveis»... , porque «os milhares de milhões para o BPN são inevitáveis», «o aumento das grandes fortunas é inevitável»... - porque, a pairar sempre sobre todas essas «inevitabilidades», estão as maiores de todas elas: «a inevitabilidade do capitalismo» e a «inevitabilidade da alternância entre PS e PSD - e vice-versa - no governo...
E é por tudo isso que essa maioria respondeu o que respondeu à sondagem sobre os EUA.
E é por tudo isso que essa maioria vota como vota nas eleições por cá.
E é tudo isso que faz do nosso esclarecimento, do nosso apelo à inteligência e à sensibilidade dessas pessoas, da nossa acção contra a mentira e pela verdade, uma difícil batalha.
Uma muito, muito difícil batalha - a exigir-nos muitos esforços, muita perseverança, muita paciência, muito, muito trabalho.
Uma muito, muito difícil batalha - a exigir-nos muitos esforços, muita perseverança, muita paciência, muito, muito trabalho.
Uma batalha da qual, no entanto, não desistiremos - com a certeza de que água mole em pedra dura...
10 comentários:
Permite-me,mesmo assim,que ponha em causa a sondagem,são tão fáceis de falsificar.
Quanto mais difícil for a luta mais vontade de lutar.
Só as lutas difíceis valem a pena.
Um abraço,
mário
Nestas condições... também o resultado da "sondagem" era inevitável...
Abraço.
Furaremos entre esses calhaus e transformaremos o solo pedragoso em terra arável!
Um paciente abraço
É a globalização a dar os seus frutos, eles hão-de cair de maduros, se entretanto - a marabunta não acordar!
O mais dificil é atear o rastilho..
Abraço
O teu texto dá ânimo à luta. Faz lembrar a correspondência entre Karl Marx e Friedrich Engels (em tempos tão diferentes, mas também difíceis).
Marx e Engels viram a comuna de Paris fracassar, mas não foi isso que os fez travar na produção de mais textos e na organização de mais luta e organização entre os proletários.
Não desistiremos de lutar e acreditar que outro Mundo é possível.
Enquanto convictamente acreditarmos que é possível transformar o sonho em vida vamos "bater até que fura"!
Um dia o povo acorda. Porque a água vai continuando a bater...
Um beijo grande.
mário: é bem possível que a sondagem seja «martelada», mas os números teriam que ser sempre elevados dada a ofensiva ideológica em curso...
Um abraço.
samuel: lá está: uma mentira muitas vezes repetida...
Um abraço.
Pata Negra: e na «terra arável» crescerão as searas do futuro...
Um abraço.
José Manangão: o «rastilho» da luta de massas é a nossa arma.
Um abração.
Miguel Botelho: lutaremos até conquistar esse outro Mundo.
Um abraço.
João Filipe Rodrigues: e venceremos!
Um abraço.
Maria: «e quando o povo acorda, é sempre cedo»...
Um beijo grande.
Difícil combater a desinformação que nos domina. Mas continuaremos a desmascarar os embustes e a verdade impor-se-á.
Um beijo.
Graciete Rietsch: assim faremos, sempre, sempre...
Um beijo.
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