POEMA

OS PRAZERES DA JUVENTUDE


Ao fim de 24 jogos perdidos,
o time ganhou o desafio.
O público inundou o campo, desceu à cidade,
e durante horas interrompeu o trânsito, bebeu na rua,
quebrou montras, partiu mesmo os faróis dos carros
da polícia que, risonha, comungava
naquele entusiasmo regional e jovem
por um triunfo tão longamente ansiado.

Uma centena de pessoas manifesta-se na rua
(contra uma «vitória» que não se vê no Viet-Nam),
e os cacetes desabam, a prisão enche-se,
porque interromperam o trânsito, incitaram à desordem,
e resistiram malignamente à autoridade
que os mandou dispersar.


Jorge de Sena

4 comentários:

samuel disse...

É preciso ter a arte de distinguir as festas dos tumultos...

Abraço.

Maria disse...

Costuma ser assim...

Um beijo grande.

Graciete Rietsch disse...

Esses tempos estão a tentar regressar, mas não deixaremos.

Um beijo.

Olinda disse...

Muito realista este poema.