Num post recente do Cantigueiro, veio à baila a questão do «anti-americanismo primário», ou seja da acusação feita, por pró-americanistas primários, a toda e qualquer pessoa que ouse contestar, mesmo que timidamente e em voz baixinha, a superioridade absoluta dos EUA em matéria de «liberdade», «democracia», «direitos humanos» e «combate ao terrorismo» - e que ouse denunciar a monumental fraude que é a democracia made in USA, ou ouse denunciar os EUA como o maior centro de terrorismo de Estado do planeta.
Quando o prevaricador leva mais longe sua ousadia e, por exemplo, levanta a voz nessa contestação e nessa denúncia, então os diligentes pró-americanistas primários de serviço - regra geral pagos a peso de ouro - fazem chegar a quem de direito o nome e o currículo do infractor, o qual vai parar direitinho a uma daquelas «listas negras» de que os EUA são o maior produtor mundial... e tantas são que delas bem se pode dizer que constituem uma espécie de instituição nacional daquele país e fazem dele o «país das listas negras».
Se a contestação parte de países - ou seja, se um qualquer país rejeita o domínio dos EUA e adopta uma política correspondente à vontade do seu povo e aos seus interesses soberanos - aí a coisa fia mais fino... porque os governos dos EUA - de Bush a Obama, para não irmos mais longe - não toleram nem admitem que a qualidade auto-atribuída de «pátria da liberdade, da democracia, dos direitos humanos e do combate ao terrorismo» seja posta em causa seja por que país for...
Para esses casos, a «lista negra» passa a ter uma segunda classificação: a de «lista dos países patrocinadores de terrorismo».
E ai dos países que nela sejam incluídos!: mais tarde ou mais cedo os aviões do «combate ao terrorismo» despejarão sobre eles toneladas e toneladas de bombas - bombas «humanitárias», obviamente, porque são lançadas em «defesa da paz», «da salvação de milhares de vidas humanas», «da protecção de civis»...
E, assim, esses países serão exaustivamente «libertados», e os seus chefes máximos locais passarão a louvar as mil virtudes da «pátria da democracia, da liberdade, etc, etc», e engraxarão as botas dos soldados libertadores, e receberão de braços abertos os negócios dos que mandaram lançar as bombas, e... deixarão de fazer parte da «lista negra», e ganharão o estatuto de «amigos» - e receberão a «medalha da liberdade», directamente das mãos do presidente dos EUA em exercício.
E é tudo isto que faz dos EUA o país das listas negras da democracia, da liberdade, dos direitos humanos, do combate ao terrorismo...
Isto digo eu, que anti-americanista primário me confesso...
7 comentários:
Quanto ao "catálogo" de anti-americano, devo confessar que não me serve a carapuça.
Sou, isso sim, anti-governação-americana.
Eu posso lá ser contra o cidadão Americano que se levanta de manhã para trabalhar e pagar as contas ?
Eu posso lá ser contra o país que me pôs a ouvir Frank Sinatra ?
Eu posso lá ser contra o país que me pôs a ver filmes com o Dustin Hoffman ou com a Meryl Streep ?
Contra a forma de governação Norte Americana, ah ! isso sim, isso posso afirmar que sou para lá de anti-governação-americana, e digo-o baseado na certeza que se um dia for preciso (oxalá que não) pegar numa arma para combater essa filha da putice, podem contar comigo na linha da frente !
Não confundo a governação com o Povo, apesar de ser este que elege a governação.
Porque se assim fosse, então, há já 35 anos que eu tería de me afirmar como anti-português-primário !!!
Claro,por lá também há patriotas,só que,o sistema,não permite que cheguem ao poder.
As castanhas já estão ao lume,algumas vão estoirar-lhes na boca.
Um abraço,
mário
Devemos ter apanhado "isto" num lugar qualquer em que estivemos juntos... :-)))
Abraço.
Pelo que tu dizes e pelo que nos deixam saber,também me declaro anti-americanista primária.
Então se soubéssemos tudo....
Um beijo.
Não sou anti-americanista primário, mas considero que o espírito nazi, militarista, colonialista, racista, inimigo da humanidade está definitivamente implantado na estrutura de poder norte-americana, de raíz anglo-saxónica (WASP: white anglo-saxon protestant).
Quem viu o filme "Matadouro 5", inspirado no livro de Kurt Vonnegut; o episódio do general americano, com a braçadeira nazi, durante o bombardeamento de Dresden, não é inocente.
A cultura nazi de seleccionar, matar, esconder, torturar, mentir, falsificar... vive hoje dentro da estrutura de poder montada em Washington.
São os verdadeiros inimigos da humanidade e do planeta.
Como se pode nao ser anti-yanqui,se a administraçao norte americana é ela própria um atentado à humanidade?Que o diga os povos tao sofridos de toda a América Latina,o povo do Vietnam,Palestina,etc.
Eduardo Miguel Pereira: eles chamam «anti-americanistas primários» a todos os que contestam e combatem a política dos governos dos EUA...
Um abraço.
mário: que estoirem depressa...
Um abraço.
samuel: temos que ter cuidado com os lugares que frequentamos...
Um abraço.
Graciete Rietsch: o que sabemos é tanto que faz pensar no que será o que desconhecemos...
Um beijo.
Miguel Botelho: de acordo.
Um abraço.
Olinda: pode dizer-se que não há país nem povo, em todo o mundo, que não tenha sido alvo do imperialismo norte-americano.
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