POEMA

FIDELIDADE


Creio no homem. Já vi
costas rasgadas a golpes de chicote,
almas cegas avançando aos arrancos
(Espanhas a cavalo
da dor e da fome). E acreditei.

Creio na paz. Já vi
altas estrelas, incendiadas regiões
amanhecendo, rios ardentes
e profundos, caudal humano
para outra luz: Vi e acreditei.

Creio em ti, pátria. Digo
o que vi: relâmpagos
de raiva, amor falado e uma faca
rangendo, fazendo-se em pedaços
de pão: se bem que haja hoje apenas trevas
eu vi e acreditei.


Blas de Otero

5 comentários:

samuel disse...

É fundamental continuar a acreditar... activamente!

Abraço.

Maria disse...

Porque acreditar é preciso!
E este é um belo poema.

Um beijo grande.

Anónimo disse...

Eu também acredito, porque se não acreditasse morria.
Parabéns pelo poema.

(Jorge)

svasconcelos disse...

Pela crença é que (também) vamos. É o motor da nossa luta: acreditar!
(lindo poema, não conhecia, obrigada)

beijo,

Graciete Rietsch disse...

Também acredito no Homem que suporta todos os golpes de chicote para construir uma Pátria livre, independente inserida num Mundo de Paz.Acredito no Homem,na Pátria, na Paz tal como acredito na História que nos dá a conhecer todas as lutas do Homem para que esses objectivos sejam atingidos.

Um beijo.