POEMA

«NINGUÉM SE MEXA! MÃOS AO AR!»


«Ninguém se mexa! Mãos ao ar!», disse o histérico
e frívolo homenzinho com mais medo
da arma que empunhava que de nós.
«Mãos ao ar!», repetiu para convencer-se.

Mas ningém se mexeu, como ele queria...
Deu-lhe então a maldade. Quase à toa,
escaqueirou o espelho biselado
que tinha as Boas Festas da gerência

escritas a sabão. Todos baixámos,
medrosos, a cabeça. Se era um louco,
melhor deixá-lo. (O barman escondera-se
por detrás do balcão). Ali estivemos

um ror de medo, até que o rabioso
virou a arma à boca e disparou.


Alexandre O'Neill

3 comentários:

samuel disse...

Esperemos que esta gente se vá dando ordem de marcha... nem que seja preciso uma ajudazinha...

Abraço.

Graciete Rietsch disse...

A miséria torna as pessoas loucas.

Um beijo.

Maria disse...

Foi o melhor que fez. Era o melhor que alguns faziam...

Um beijo grande.