AO MORRER
Ao morrer, nada mais me importará.
Por antecipação, nem já me importa.
Com consciência, pois, do paradoxo,
é que ouso dizer com bonomia
que até quem se incomode a acompanhar-me
o corpo hirto, inerte,a apodrecer,
ao cemitério sossegado e claro,
o fará com desgosto meu actual.
Nunca gostei de incomodar ninguém.
Mas quem não quero lá, fique isto assente,
são padres, charlatães, capitalistas,
para nem morto suportar ofensas.
Armindo Rodrigues
6 comentários:
Continua a importar-lhe as coisas essenciais!
E não deve ter tido muitos, não... felizmente! :-)))
Abraço.
Este poema é fantástico!
Também não quero, para que se saiba!
Um beijo grande.
Isso mesmo: nem morto!
Beijo,
Por motivos como esse e outros semelhantes é que Armindo Rodrigues é "um dos meus poetas".
Um beijo.
justine: que, no entanto, parecem tão banais...
Um beijo.
samuel: felizmente, não teve, mas tomou medidas prévias específicas, por exemplo, num artigo que escreveu para o Diário proibiu expressamente mário soares de ir ao seu funeral...
Um abraço.
Maria: e eu também não...
Um beijo grande.
smvasconcelos: vale mais prevenir...
Um beijo.
Graciete Rietsch: e dos meus...
Um beijo.
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