POEMA

NATUREZA-MORTA COM FRUTOS


1
O sangue matinal das framboesas
escolhe a brancura do linho para amar.

2
A manhã cheia de brilhos e doçura
debruça o rosto puro na maçã.

3
Na laranja o sol e a lua
dormem de mãos dadas.

4
Cada bago de uva sabe de cor
o nome dos dias todos do verão.

5
Nas romãs eu amo
o repouso no coração do lume.


Eugénio de Andrade

6 comentários:

Ana Camarra disse...

Com o Eugénio casava-me era só ter sido contemp+oranea em idades possiveis e que me dissesse uma vez por outra uma coisa dessas...

Ana Camarra disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
samuel disse...

"Cada bago de uva sabe de cor
o nome dos dias todos do verão."

Estas duas linhas tão "simples", são uma paixão antiga... e talvez a mais extraordinária explicação do vinho.

Abraço

Maria disse...

O comentário da Ana camarra fez-me sorrir.
De facto, Eugénio era de uma sensibilidade e ternura muito especiais.

Um beijo grande

Justine disse...

Que poema saboroso e perfumado!

Fernando Samuel disse...

Ana Camarra: contenta-te em lê-lo - que já não é pouco...
Um beijo.

samuel: essas duas linhas acompanham-me desde que as li pela primeira vez...
Um abraço.

Maria: muito, muito especiais...
Um beijo grande.

Justine: e não só...
Um beijo.